Conta Comigo! Incentivando a leitura de autoras mulheres

Conta Comigo! Incentivando a leitura de autoras mulheres

Conta Comigo! Incentivando a leitura de autoras mulheres – Por Michele Machado Fernandes

Michele Fernandes
Michele Fernandes

Nós já fomos proibidas de estudar, de escrever e de publicar. Já fomos esquecidas, desprestigiadas e negligenciadas. Não adiantou! Continuamos a escrever.

Mas por que ler mulheres? 

Antes quero levantar uma discussão que, embora se refira ao cinema, levanta uma questão inerente às artes em geral. Um dia, a quadrinista Alison Bechdel, conhecida por suas tirinhas sobre representatividade feminina e LGBT, publicou um quadrinho intitulado Dykes To Watch Out For e fez muita gente pensar em como as mulheres são representadas no cinema – ou outras artes.

Basicamente, o teste mencionado na tirinha consiste em 3 perguntas:

1- A obra possui pelo menos 2 mulheres?
2- Elas conversam uma com a outra?
3- O assunto da conversa é alguma coisa que não seja homens?

Se a resposta for três vezes “sim”, podemos considerar ser esta uma obra que apresenta as mulheres de forma significativa e não apenas como uma figura que orbita no universo masculino. A ideia da tirinha passou a ser empregada pelas críticas feministas do cinema – que é mais um espaço dominado pelo machismo. 

Apesar de não abarcar todas as nuances que giram em torno desse tema, o teste revela que, aproximadamente, metade dos filmes produzidos fracassam no jeito como apresentam mulheres. Esse é um resultado que traduz a misoginia presente nas diferentes esferas artísticas.

No universo literário, não é diferente. Você sabia que a maior parte do público leitor é feminino e, mesmo sendo as principais consumidoras de conteúdo literário, ainda somos minoria quando o assunto é publicar? 70% dos livros lançados pelas grandes editoras do Brasil foram escritos por homens, conforme pesquisa realizada pela UNB em 2017, referente a obras publicadas entre 1965 e 2014. Se as mulheres leem mais e os homens publicam mais, tem algo errado nessa matemática. 

Mas qual é o problema de não consumirmos literatura – e, de forma estendida, a arte – produzida por mulheres? Em uma análise rápida, já levanto cinco motivos:

1 – Ponto de vista

Se ler é explorar o mundo, por que iríamos querer conhecê-lo sempre pelo ponto de vista de um homem? Para ser mais específica, o narrador das obras literárias secularmente foi sempre a mesma pessoa: o homem branco hétero cis de elite e morador das grandes cidades. É por esse viés que conhecemos o mundo e acabamos por concordar e replicar os valores desses homens, que, em boa medida, é sempre o mesmo.

A literatura, porém, é um poderoso instrumento de transformação, tanto em nível individual como em nível social. Ao lermos, acompanhamos a forma de pensar do narrador da história. Um exemplo clássico é o personagem Bentinho de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, que descreve sua esposa Capitu como uma mulher dissimulada, capaz de manipular, enganar e esconder segredos, concluindo ser sua esposa adúltera e seu filho um bastardo. Bento Santiago nos envolveu e nos convenceu por décadas de que a história era apenas isso: a traição de uma mulher a um homem honesto. Foi apenas na década de 1960 que Helen Caldwell, crítica literária estadunidense, publicou um artigo “O Otelo Brasileiro de Machado de Assis”, falando sobre a famosa obra machadiana e demonstrando não existir prova alguma dentro da narrativa que pudesse servir de alicerce às fagulhas disparadas pelo narrador. O personagem passou a ser encarado como um narrador não confiável, ou seja, aquele que manipula o leitor, característica muito significativa para um personagem que se enquadra perfeitamente na descrição do escritor comum, a qual repito: homem branco hétero cis de elite morador de uma grande cidade. O autor, no entanto, Machado de Assis, negro e de origem muito pobre, sempre sarcástico com as relações pautadas na hipocrisia, soube usar de sua magnífica técnica narrativa para que, em uma reviravolta histórica, proporcionada por uma mulher, Helen, faz de Bento Santiago o verdadeiro dissimulado, por ser fraco, rancoroso e caluniador.

Recentemente, a autora Maria Valéria Rezende publicou um conto intitulado “Recapitulação” e adota como narradora a personagem Capitu. Sob seu ponto de vista, se descortina uma nova história, em que a traidora dissimulada com seus olhos de ressaca se despede e aflora uma mulher decidida (como de fato Machado a compõe nas entrelinhas ou não) que vai viver na França com seu filho, mostrando-se à frente de seu tempo pela sua força de sobrevivência em uma época em que mulheres sem maridos eram igualadas a vagabundas. Esta nova Capitu reconta sua saga ao lado de Bentinho e salva a personagem da marginalização.

Muitos são os casos de releitura de obras antigas trazidas pelas escritoras contemporâneas decididas a mostrar como uma mulher de fato se vê.  Nessa linha, temos a obra “Ofélia”, de Lisa Klein, que traz a personagem homônima de Shakespeare, dando a ela mais espaço, personalidade e protagonismo. “Circe: Feiticeira. Bruxa. Entre o castigo dos deuses e o amor dos homens”, da autora Madeline Miller, mostra a vida e as causas da feiticeira presente no uberclássico “A Odisseia”, de Homero. Entre personagens reais também há reescrita. A historiadora Marie Benedict, ao escrever “Senhora Einstein”, tirou Mileva Maric, esposa de Albert Einstein, do papel subserviente e levantou a hipótese de ela ser a verdadeira gênia por trás da teoria da relatividade.

No entanto, todas essas mudanças só acontecem quando as mulheres se põem a escrever. Conhecer as problemáticas das mulheres, o seu jeito de pensar, os seus sentimentos é um jeito de reconhecer seu papel social e suas necessidades de forma mais genuína.

 

2 – Incentivo

Mesmo estando na terceira década do século XXI, o mercado de trabalho ainda se mantém resistente às mulheres. Nas universidades, os cursos “mais apropriados” para homens ainda enchem as salas de aula com pessoas do gênero masculino, gerando, em alguns casos, embaraço para as mulheres que gostariam de seguir em tal carreira. Da mesma forma, nas empresas, elas têm dificuldade de ingressar em determinadas áreas e, mais ainda, de conseguir alçar cargos de poder.

É verdade que, em certos ramos, as mulheres são muito mais presentes e até são maioria: professoras, enfermeiras, babás, faxineiras, etc. Observe-se que as palavras que designam tais funções aparecem no feminino ao vir às nossas mentes. Mas observe mais fundo e perceba que algo liga todas as profissões citadas: são todas voltadas aos cuidados com o outro ou com o lar. Tais tarefas podem ser admitidas às mulheres porque, afinal, tradicionalmente, é isso o que uma mulher deve fazer, cuidar do lar, dos filhos e do marido. Basta ver que entre professoras e professores há uma gradação: as pedagogas, responsáveis pelas crianças menores, são, em sua esmagadora maioria, mulheres; conforme o nível vai subindo e a atenção vai sendo dada a pessoas mais independentes, o número de professores homens aumenta. Eles são mais numerosos no ensino médio e dominam o ensino superior.

Com o setor editorial não é diferente. A palavra “escritor” ainda vem no masculino às nossas mentes. Há uma resistência muito grande entre as editoras em abrir espaço para mulheres escritoras. As justificativas são muitas: não há uma grande quantidade de autoras, os homens são mais lidos, os críticos demonstram que a literatura produzida por homens é melhor. Três falácias que podem ser facilmente desmontadas. As mulheres estão em menor quantidade por não se perceberem com permissão para escrever, fato que já está sendo desconstruído. Os homens são mais lidos porque as mulheres são menos publicadas, ou seja, uma questão cíclica que pode ser rompida pelas próprias editoras. A questão da crítica é muito relacionada ao fato de que também entre os críticos literários a maioria é masculina, além de haver círculos protecionistas que reforçam a exaltação sempre dos mesmos nomes.

Quando resolvemos ir em busca de autoras mulheres, forçamos o mercado editorial a abrir espaço para elas. Apesar da misoginia reforçada pelo capitalismo, a lei da procura e da oferta ainda fala mais alto.

 

3 – Abertura à diversidade

Atualmente o painel da literatura ainda está fortemente vinculado a uma história que deixa as escritoras à margem. Fora do mercado editor, as premiações e representação das escritoras em bancas e academias ainda é diminuta.

Tomemos como referência em nível mundial o Prêmio Nobel de Literatura. Em mais de cem anos de existência, foram laureadas apenas 14 mulheres. Quando falamos em escritoras negras ou habitantes de países subdesenvolvidos, o número cai ainda mais. Em 1945, a poetisa chilena Gabriela Mistral foi a primeira latino-americana a ser contemplada. A sul-africana Nadine Gordimer (1991), importante voz na luta contra o apartheid é outro dos raros nomes de fora da Europa. Em 1993, foi a vez da estadunidense Toni Morrison receber o prêmio. É ela até hoje a única mulher negra agraciada com o Nobel.

Nas listas de indicações de leituras, não é muito diferente. “1001 livros para ler antes de morrer”, organizado por Peter Boxall, se destaca como uma referência muito popular em termos de obras importantes a serem lidas. A obra foi publicada em 2010, contemplando obras lançadas até 2009, abrangendo uma boa parcela de obras contemporâneas. Mesmo assim, a obra indica pouco mais de cem escritoras e deixa de lado autoras como Patrícia Galvão (Pagu) e Chimamanda Ngozi Adichie.

Aqui no Brasil, um problema muito criticado por quem defende a presença feminina em cargos de representação é o posicionamento da Academia Brasileira de Letras. Uma exclusão histórica de uma integrante logo na sua inauguração já mostrava o pensamento misógino dos membros: Júlia Lopes de Almeida, participante ativa das reuniões de organização prévias à abertura da Academia, acabou ficando de fora. A justificativa foi que a ABL seguiria os passos do modelo francês, onde mulheres não eram permitidas. Anos depois, Dinah Silveira de Queiroz candidatou-se a uma das cadeiras, mas foi impedida pelo mesmo motivo, ainda que até então não houvesse uma regra clara sobre a ABL ser um reduto apenas masculino. Somente em 1977, uma cadeira foi ocupada por uma mulher, Rachel de Queiroz. Até hoje apenas 8 mulheres tiveram essa oportunidade.

Quanto mais lermos mulheres, mais difícil ficará para esses sistemas pautados em uma tradição misógina perpetuar esse tipo de segregação.

 

4 – Identificação

Se você é mulher, ler escritoras vai gerar identificação diante dos problemas em comum. Saber que você não está sozinha com as suas questões pessoais, que os seus pensamentos não são fora do padrão como dizem e que existem outras possibilidades diante desses dilemas é uma forma de se libertar das amarras do patriarcalismo.

Por muitas vezes, no entanto, a literatura produzida por mulheres é colocada como um nicho, um tipo de obra que possa interessar a leitura apenas por pessoas desse gênero. Observe que, nesse caso, estamos confundindo o teor da obra com sua autoria e a expressão “literatura feminina” vem com sentido ambíguo.

A questão é que “literatura feminina” como temática não requer necessariamente ser produzida por uma escritora e sim contemplar assuntos que tradicionalmente são delegados ao nosso gênero. Encontra-se aí, por exemplo, os romances açucarados com protagonistas mulheres dispostas a fazerem tudo que o homem de seus sonhos espera, um verdadeiro confronto ao que falei anteriormente sobre o teste de Bechdel. No entanto, essa “heroína” tem uma função ideológica muito precisa:  levar adiante os preceitos de uma sociedade patriarcal que apaga ou coloca em segundo plano a independência feminina e seus reais problemas. Tudo gira em torno dos homens.

É verdade que mulheres podem escrever histórias ficcionais com essas características e existe um grande público para isso. Quando vem em forma de literatura erótica, os famosos hots, o sucesso é ainda mais promissor. Sempre gosto de saber que uma mulher exercita a liberdade de escrever e, se for com um toque de erotismo, isso é ainda mais libertador. No entanto, está perdendo a possibilidade de fazer algo novo e realmente libertário.

As mulheres mais engajadas com o feminismo compreendem o fato de termos muito a contar, experiências que foram só nossas e que ainda têm as suas lacunas abertas na literatura. A melhor pessoa para contar sobre um relacionamento abusivo é a vítima, porque é ela quem carrega a dor. Da menarca à menopausa, passando por cada ciclo, os homens, em geral, não sabem nem do que estamos falando. Ninguém mais sabe sobre os efeitos da educação tradicional limitada à esfera doméstica do que uma mulher que passou por isso. A dificuldade do dia a dia de uma funcionária em um meio machista é peculiaridade dela.

Lembro-me que, ao compartilhar o conto “Ninguém sabia”, publicado na coletânea “Casa Nua – Maternidade Devassada” em parceria do Coletivo Escreviventes com a Revista Tamarina, uma colega me agradeceu por esclarecer, de forma nua e crua, como era um parto. O conto mostrava uma menina de quatorze anos, pobre e grávida de gêmeos, em busca de atendimento na maternidade pública. Havia muito da minha experiência como mãe ali, coisas que eu nunca tinha tido coragem de contar. O comentário da minha leitora era tudo o que eu queria ouvir: saber que pude proporcionar a alguém uma experiência que ela, creio, nunca terá.

São pontos como esses que estão ainda em aberto. Nós, escritoras, temos muito a mostrar e não é só mulheres que precisam nos ler. Infelizmente, os homens parecem ainda acreditar que certas obras foram feitas apenas para mulheres e seria estranho que eles fizessem a leitura, sintomas de masculinidade frágil.

 

5 – Educação

A escola tradicionalmente reproduz o padrão patriarcal com a “marginalização dos textos femininos”, ou seja, as obras estabelecidas como cânones literários referenciam homens.

Cânone literário consiste no conjunto de obras definidas como importantes o suficiente para serem passadas às novas gerações. O que forma essa biblioteca referencial é bastante arbitrário. A crítica influencia muito, a academia também. Autores premiados são, em geral, candidatos a encontrarem seu lugar nessa lista (imaginária?). Mas o que de fato determina é a população leitora continuar interessada e, para isso, o livro deve continuar sendo editado. Portanto, o papel das editoras é trivial. Tudo isso já foi discutido nas reflexões acima, mas a questão da educação abre ainda mais questionamentos.

Nas minhas aulas de literatura brasileira, como aluna de Ensino Médio, estudei apenas homens. No cursinho pré-vestibular, algumas mulheres foram citadas. Porém, nunca esquecerei de uma fala de um professor, mais ou menos assim: “Raquel de Queiroz foi a primeira brasileira a publicar um livro, porém a escrita dela não parece com a de uma mulher. Supõe-se que o verdadeiro autor tenha sido seu pai, que a deixou assinar em seu nome.”

Nesse desacato ao poder de escrita de uma mulher, muitas coisas podem ser subentendidas: a visão misógina, a tentativa de apagamento, a desvalorização e a crença de que existe um jeito de escrever próprio de mulheres e outro, distinto, só de homens.

Todas essas informações entraram na minha mente ao ponto de eu nunca ter esquecido e é assim que se incutem ideias que levam mulheres à autossabotagem e síndrome da impostora. A falta de nomes femininos na literatura, portanto, tem seu preço:  um currículo oculto que ensina aquilo que não devia ser ensinado, mulheres não são escritoras boas o suficiente para serem estudadas.

Felizmente, já estamos virando essa página. Muitas universidades que adotam listas de leituras obrigatórias incluem nomes como Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Adélia Prado, Cecília Meirelles, Carolina Maria de Jesus e Maria Firmina dos Reis. Um fato importante que precisa ser mencionado aqui é que essas duas últimas autoras citadas chegaram à contemporaneidade como resultado do resgate de suas obras. Suas obras chegaram a cair no esquecimento por anos, mesmo se tratando de dois nomes essenciais da nossa literatura. Poderiam ter sido simplesmente deletados para sempre.

Resta a questão: como resolver esse problema?

Atualmente, o feminismo se renova, principalmente, por ganhar força nas redes sociais. Com isso, algumas pessoas já pensaram em alternativas para reforçar a importância da publicação de obras escritas por mulheres e para incentivar sua leitura. Grupos como “Leia Mulheres”, coletivos de leitura voltados unicamente a contemplar obras de autoria feminina, se espalham pelo país e até fora dele. A autopublicação também tem sido uma saída às autoras que não conseguem ou não querem se inserir no mercado editorial machista. Além disso, nos últimos anos surgiram algumas editoras que só publicam mulheres ou dão prioridade a escritoras do gênero feminino, como a Editora Voz de Mulher, Quintal Edições, Dita Livros, Editora Luas e Editora Feminas. 

Todos esses movimentos ajudam a estabelecer uma conexão entre mulheres, uma espécie de rede de apoio e sororidade, mas também é preciso que VOCÊ ajude a valorizar a obra produzida por mulheres. 

Fotografia: Michele Fernandes

Como fazer isso?

– Acompanhando o trabalho de escritoras em redes sociais: curtir os posts e compartilhá-los são atos que não custam nada, mas significam muito tanto para que essa autora se sinta mais à vontade com suas publicações como para ajudá-la a ampliar seu público, já que os algoritmos levam esses fatores em conta na hora de propagar as postagens.

– Ajudando a divulgar livros de autoria feminina: para tanto, você pode, por exemplo, postar fotos de livros e/ou falar sobre eles em suas redes sociais. Vale lembrar que, além de Facebook, Instagram e Twiter, existem espaços específicos para falar de livros, em especial, o Skoob, uma rede social de compartilhamento de leitura.

– Lendo mulheres, obviamente: É bom lembrar que não apenas mulheres leem mulheres, ou seja, apesar de toda a questão da identidade, os homens não apenas podem como devem ler seus livros e despertar a empatia com os assuntos abordados pelo olhar feminino. A leitura é o que vai permitir divulgação, mas o próprio fato de adquirir obras escritas pelas autoras já as ajuda a se manter no mercado.

 

Com tudo isso em mente, decidi dedicar a coluna Conta Comigo! para divulgar e valorizar a literatura produzida por mulheres. Aqui escrevo sobre experiências pessoais como escritora ou editora que possam trazer novas perspectivas diante de conceitos engessados na cultura patriarcal. Também trago indicações de leituras, resenhas e biografias relacionadas a mulheres que quebraram padrões em sua época ou que ainda hoje rompem barreiras para estabelecer uma literatura de qualidade apesar das muitas dificuldades impostas.

Acompanhe a coluna, compartilhe os textos e vamos juntas levar a literatura escrita por mulheres a mais pessoas!

Conta Comigo! Incentivando a leitura de autoras mulheres

Por Michele Machado Fernandes

Conta Comigo! • A Artista


Expedição CoMMúsica

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