Cavando ideias: Conversa com animais
Você é o tipo de pessoa que fala com seu cachorro, seu gato, sua tartaruga, seu passarinho, seu peixe de aquário, seu animal de estimação? Se é não ficaria espantado com o livro de Vinciane Despret: O que diriam os animais? Traduzido por Bruno Latour e publicado pela UBU Editora, que assim como a TAG e a Intrínsecos funciona com brindes relacionados às obras e pode funcionar por associação; de forma que a todos mês você possa receber uma obra da editora, além de comprar outras obras.
Sou assinante desde fins de 2020, quando descobri a qualidade dos livros, não apenas pelo texto e autores como também por uma visão gráfica contemporânea, em que a ilustração se coloca como característica imprescindível, além do brinde que chega com o livro todo mês. Além disso, o assinante pode comprar números anteriores aos quais não teve acesso por um preço mais viável, associa-se ao MUBI, podendo assistir a filmes de qualidade e participa de palestras on-line com os autores, podendo perguntar e interagindo com os palestrantes.
A UBU parece ter trazido algo da antiga Cosac Naif, comprando parte do parque industrial. E edita obras de interesse geral, como: Sexo, gênero e sexualidades: introdução à teoria feminista de Elsa Dorlin; Um feminismo decolonial de Françoise Vergé; O mundo codificado por uma filosofia do design e da comunicação de Vilem Flusser; As mulheres de Tijucopapo de Marilene Felinto; entre outras obras excelentes. Você pode escolher qual coleção deseja receber. E vale muito a pena não só para quem gosta de ler, como para quem deseja se atualizar quanto ao saber social, literário, psicológico, artístico, cultural.
Num outro momento, já coloquei neste espaço minha opinião quanto a um obra comprada na UBU: Revolução das plantas de Stefano Mancuso. Obra em que o autor, um neurocientista nos explica o funcionamento das plantas, sua linguagem, sua comunicação e cooperação entre si, vivendo em florestas.
Neste livro, Vinciane Despret é uma filósofa, psicóloga e etóloga (esclarecendo o nome que se refere ao trabalho de Deleuze ao considerar a ética hoje referente à etologia _ tratamos consequentemente de uma autora preocupada com a ética, principalmente da zoologia, ao estudar animais em laboratórios, isolados do seu habitat, sugerindo que sejam levadas em consideração as observações e experiências de quem convive com eles dentro de seu habitat). Assim, ela escreve vinte e seis textos, os quais podem ser lidos em ordem aleatória e com senso crítico e muita ironia nos leva a pensar se os julgamentos e comportamentos das pessoas estão corretos no momento em que coloca a presença de um animal nos contextos.
Com certeza, aquele leitor que possui um bicho de estimação sentirá empatia pelo bicho e pensará no seu ponto de vista. É uma maneira interessante para despertar nossa consciência e sensibilidade diante do ser vivo, diante de qualquer ser, como o homem, por exemplo. Sabemos como a atualidade nos exige principalmente empatia, solidariedade e compreensão aos problemas alheios. Sem julgar, sem condenar, sem concluir o que não se deve concluir, uma vez que ninguém a não ser o indivíduo propriamente será capaz de entender e julgar com correção. Muitas vezes até mesmo se condenar, quanto perceber uma parte de sua responsabilidade no contexto.
Opino que as obras publicadas por esta editora parecem realmente desejar criar um novo paradigma de pensamento e de cultura, levando os homens a pensar, refletir, entender a ciência através de um texto de qualidade, que nos traz um pouco do encantamento pelo estudo científico propriamente dito bem como pela compreensão de como chegamos ao mundo em que vivemos e o que fazer para transformá-lo.
Estas são minhas expectativas de leitora e caso você tenha expectativa semelhante procure www.ubueditora.com.br/livraria e procure se informar pelos livros editados e inscreva-se nas palestras internacionais, que estão acontecendo nesta semana. Principalmente, façam uma boa leitura com O que diriam os animais? de Vinciane Despret.