Conta Comigo: Curiosidades sobre as vidas de escritoras icônicas: Maria Firmina dos Reis
Maria Firmina dos Reis é um nome constante nas minhas listas de mulheres pioneiras e é com alegria que trago um este artigo dedicado a ela.
- ERA UMA MARANHENSE
A autora nasceu em 11/03/1822, em São Luís, MA, e faleceu aos 95 anos em Guimarães (1917). Era filha de Leonor Felippa dos Reis, uma escrava alforriada. Assinou o seu romance como “Uma Maranhense”.
2- AUTORA DO 1º ROMANCE PUBLICADO POR UMA MULHER NEGRA NA AMÉRICA LATINA
Em 1859, publicou o romance “Úrsula”, considerado o primeiro romance de uma autora mulher publicado no Brasil. Antes, a brasileira Teresa de Horta e Silva já havia publicado em Portugal. Se levarmos em conta a cor da pele da autora, o seu pioneirismo se amplia à América Latina.
3- FOI A 1ª AUTORA MULHER ABOLICIONISTA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Em 1887, publicou na Revista Maranhense o conto “A Escrava”, texto empenhado em se inserir no debate em torno da abolição do regime servil. Como compositora, foi autora de um hino em louvor à abolição da escravatura.
4- FOI PROFESSORA E LUTOU POR UMA ESCOLA PÚBLICA E MISTA
Em 1847, foi aprovada para lecionar. Aos 54 anos, fundou, em Maçaricó, uma aula mista e gratuita para alunos que não podiam pagar. Houve grande repercussão na época, quando ainda era mal vista a educação para meninas, em especial junto aos meninos. Assim, foi obrigada a suspender as atividades depois de dois anos e meio.
5- NÃO HÁ RETRATOS DE MARIA FIRMINA DOS REIS
Foi descrita como pequena, parda, de rosto arredondado, olhos escuros cabelos crespos na altura da nuca. A partir disso, foram produzidas, já na atualidade, algumas reproduções artísticas do rosto da autora. No entanto, a sua imagem ainda é confundida na internet com a da escritora Délia.
6- UMA FEMINISTA
A ideia da sala de aula mista se enquadra nas lutas das feministas brasileiras do final do século XIX por igualdade de ensino para meninas. O volume de poemas Cantos à Beira-Mar (1871) traz textos marcados por uma subjetividade feminina por vezes melancólica diante dos ditames do patriarcado escravocrata.
7- OBRA PERDIDA E RESGATADA
Após décadas de esquecimento, um volume original de “Úrsula” foi descoberto ao acaso pelo crítico literário Horácio Almeida nos anos 70. Apenas em 2017, com o centenário da morte, os seus livros foram relançados e passaram a ter atenção merecido pela sua importância histórica e literária.