Trans Horizontal #10
Perfil de: Júlio César Cabral
“Livreiro, escritor, dono de sebo, maconheiro e comunista.” É assim que ele se define.
Foi preso na ditadura, dono do Jornal Cultural. Lutou contra os militares. Júlio é um amigo bem humorado que esbanja boas energias e bom humor. Me inspira em ser colunista. Abaixo, algumas de suas peripécias literárias que ele divulga sem medo de ser sincero:
“Quero reparar um erro histórico: quando eu fui preso pela ditadura os torturadores me chamaram de comunista.e subversivo. Eles esqueceram de me chamar de maconheiro. Está feita a correção…”
“Fiz uma grande sacanagem agora. Um bolsonarista jumento estacionou o carro na porta da minha livraria e foi pro botequim ao lado. O carro estava atrapalhando a passagem mas só.de sacanagem pedi ao Zé Mané pra tirar o carro dali e falei que eu estava no meu direito. Estava caindo a maior chuva e o cretino se molhou todo pra trocar o carro de posição. Tomara que o filho da puta pegue uma baita gripe…”
“Estou na merda, na pindaíba, raspando o cu com a unha. Isto é.uma bosta. Só tem um lado bom: atualmente sou um péssimo partido pra casar – a grande maioria das mulheres correm de homens sem grana, por mais inteligente, divertido e sensível que ele seja. Bom, pelo menos, se aparecer alguma mulher sem interesses financeiros, tenho aqui em casa geladeira, fogão, Tv,.água, luz, cama, milhares de livros e principalmente muito amor para dar. Outra coisa; tenho também papel higiênico caso a pretendente a dividir minha pobreza queira dar uma cagadinha. E sem precisar casar!!!”
“Certa vez numa pescaria em Santos Dumont eu estava totalmente maconhado, relaxado, na maior viagem na beira do rio. Não percebi um cavalo pangaré vindo na minha direção. O filho da puta do cavalo me deu uma cabeçada e me atirou dentro do rio. Os outros pescadores – todos maconheiros também – racharam de rir. E um deles ainda teve a audácia de falar: – o Júlio Cabral quer pegar os peixes no tapa!!!Que mico…”
“A cada dia que passa fico mais mentiroso – filho da puta, melhor dizendo – na minha profissão de livreiro. Veio um cara aqui na livraria e me vendeu um monte de revistas Playboy antigas, dos anos 70/80. Eu falei com o mané que as revistas não valiam nada porque as peladonas das revistas atualmente são senhoras e algumas até avós. O tarado me vendeu bem barato. Me dei bem!!!Playboy antiga vale uma boa grana na Internet. Minha conta lá em cima tá aumentando – quando eu morrer, tô fudido.”
Júlio César Cabral, além de dono de livraria, é escritor. Escreveu sua maior obra, chamada “Sexo, drogas e ditatura”, contando suas desventuras durante a década de 70, tudo com bom humor e uma pitada do estilo de Bukowski. Quem quiser ler o livro, tenho ele em pdf. É só me pedir.
Ele não para de escrever, portanto, em breve trarei mais alguns trechos das coisas que ele me escreve no whatsapp. Até lá, aprecie a sinceridade do camarada Júlio.
Trans Horizontal #10 – coluna de Gabriel Lelis