Ópera Pitágoras de Samos, de Andersen Viana • resumo
Abertura instrumental.
Magna Grécia 495 a.C., um ano após a saída da ilha de Samos
Myia diz a Pitágoras que o melhor a fazer era ter vindo para Crotona do que ficar em Samos, sob o domínio do tirano Polícrates. Lá, eles corriam grande risco. Pitágoras explica o quão perigoso é para os tiranos ter por perto os que amam as artes e o conhecimento, pois são os primeiros a questionar atos irracionais. Assevera a Myia que o mais importante é guardar o tesouro do conhecimento na memória, pois, tiranos e ladrões jamais conseguirão roubá-lo. É quando Pitágoras canta: “Tudo é Número”. Apolônio deseja entrar para os “Pitagóricos”, quando o mestre assevera que ele teria de enfrentar uma prova difícil. A que Apolônio responde com a “Canção à Paz”. Pitágoras diz que ele saiu-se bem, mas ainda não está preparado para ingressar para os “mathematikoi”. Contudo, será aceito como “akousmatikoi”. Pitágoras canta “A vida é como um espetáculo”.
Myia diz a Apolônio que ela estava muito contente por ele e que seu pai era um mestre muito exigente. Apolônio responde a Myia que será uma honra conviver com o mestre. Ele havia escutado entre populares que Pitágoras seria o próprio filho de Apolo. Myia diz que a Sacerdotisa do Templo de Delfos, uma vez, profetizou que sua avó geraria uma criança que se transformaria em um homem de suprema sabedoria e que traria muitos benefícios à humanidade. É quando Myia recorda a “Canção de Ninar” que Pitágoras sempre lhe cantava. Apolônio que ainda não havia se declarado a Myia lhe entrega uma rosa branca. Myia diz que Pitágoras era um pai muito severo e que reprovava todos os seus pretendentes, por isso era uma mulher muito só. Mesmo o sentimento sendo recíproco, ela tem receio de deixar Pitágoras por tudo o que poderá acontecer com ele se ela for embora.
Pitágoras está dando uma aula. Disserta sobre o instrumento que havia criado o “Monocórdio” que era um instrumento de apenas uma corda esticada entre duas extremidades. Diz que a música se relaciona com a matemática. Tendo estabelecido a existência de sete notas na escala musical, ele as associa aos planetas do sistema solar.
Cylon deseja entrar para os “Pitagóricos”, quando o mestre assegura que ele também teria de enfrentar uma prova difícil. Então Pitágoras pergunta a Cylon o que seria exatamente a união das notas que, quando tocadas simultaneamente, produziam um som agradável aos ouvidos. Cylon responde que isto só poderia ser o som de espadas se batendo no ar. Pitágoras diz que pela segunda vez ele não está apto e que jamais seria aceito para discípulo, o que enfureceu Cylon sobremaneira. Apolônio pondera a Pitágoras que talvez fosse melhor deixar Cylon como “akousmatikoi”, pois ele era um nobre poderoso na cidade. Pitágoras responde que não somente Cylon não tem habilidades e inteligência para tanto, como também é a antítese moral do ideal. Entrementes, Apolônio conta a Pitágoras sobre o amor que sente por Myia e os dois discutem sobre esta questão. Pitágoras refuta todas as tentativas de Apolônio.
Com ódio, Cylon inicia um monólogo dizendo que Pitágoras está velho demais para entendê-lo e que, de agora em diante, todos aqueles seres esquálidos seriam seus inimigos. Myia e Apolônio estão a praticar a harpa e o canto quando, de repente, surge Cylon que começa a dissertar sobre o modo de vida deles. Durante estes diálogos Cylon canta “O Homen é Mortal”. Cylon diz que aquela “Escola” teria um fim inesperado exatamente naquele momento. Subitamente aparece um soldado que, para espanto dos presentes, tira sua espada e executa Apolônio e os outros, enquanto Myia foge. Logo a seguir, Cylon entrega ao Soldado uma pequena bolsa de moedas de ouro.
Myia explica ao pai o que havia acontecido, o que Cylon havia feito – matando Apolônio e seus discípulos, e afugentado os outros. Pitágoras disserta sobre os atos dos tiranos e que agora não haveria muito mais o que fazer, a não ser partir. Myia responde que jamais o deixaria e que preferiria a morte. Pitágoras diz que o mais lógico a fazer seria ela se salvar levando os manuscritos ao vento, para todos os que buscassem o conhecimento. É quando Myia e Pitágoras cantam o dueto “Melancolia”. Ela reluta, mas finalmente concorda e sai carregando os manuscritos.
No templo de Apolo, Pitágoras toca sua lira, entremeado por silêncios meditativos. Repentinamente surge Cylon. Pitágoras pergunta o que ele veio fazer no templo, se estava ali para matá-lo. Cylon responde que ambos sabiam que o templo de Apolo o protegia e que não queria sua morte. Ao contrário, havia trazido pão e leite. Pitágoras disse que preferiria morrer ao tocar em algo trazido por um ser assombroso como ele e que os deuses o puniriam severamente por ato tão vil… Triste e só, Pitágoras, em seu monólogo, diz que tudo está terminado… Tinha a certeza de que sua alma era imortal e que depois de sua morte, ela seria transferida para outro corpo. Relembra sobre todos os conhecimentos que acumulou com os seus mestres na Grécia, Egito e Babilônia. Pitágoras canta: “A vida é como um espetáculo”.
Cylon está só. Após a morte de Pitágoras, ele começa a ter visões do mestre, do deus Apolo, iniciando uma sequência de alucinações. É o início de uma gradativa demência que só vai piorando, cada vez mais e mais, até chegar ao ponto de chamar a atenção do Soldado. Cylon nota a presença dele no recinto e começa a dizer coisas desconexas tentando agarrá-lo como se aquele homem fosse a sua salvação. O Soldado responde dizendo que iria salvá-lo, mas que existia apenas uma maneira para curá-lo de toda aquela loucura. Rapidamente o Soldado tira sua espada e o executa. Música final.
Assista ao filme oficial da versão completa da Ópera Pitágoras de Samos:
Glossário
Magna Grécia = Denominação que recebia o sul da península Itálica, região colonizada na antiguidade pelos gregos e que incluía também a Sicília.
Pitagóricos = Membros da sociedade criada por Pitágoras. Desenvolveram uma parte significativa de conhecimento matemático tendo sido um misto de religião, misticismo, arte e ciência. Pitágoras ficou conhecido também como o “filósofo feminista”, visto que na escola havia muitas mulheres discípulas e mestras (Século V a.C.)
Metempsicose = Crença de que a alma é imortal e que depois da morte ela é transferida para um novo corpo.
Mathematikoi = Tradicionalmente identificados como a facção mais intelectual, modernista, racional e científica dos Pitagóricos.
Akousmatikoi = Tradicionalmente identificados como crédulos remotos no misticismo, numerologia e ensinamentos religiosos dos Pitagóricos.
Frase atribuída a Pitágoras = “O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos”.
Frase atribuída a Pitágoras = “A vida é como um espetáculo, entramos nele, vemos o que ele nos mostra e dele saímos no final”.
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