Vivendo de Música • A sutil arte do elogio

Vivendo de Música • A sutil arte do elogio

Coluna semanal de Luis Maldonalle na Expedição CoMMúsica

Vivendo de Música • A sutil arte do elogio

A sútil arte do elogio

Vivendo de Música • A sutil arte do elogioUma das infelizes certezas da música, além da eterna tarefa de Sísifo, é o já sabido e costumeiro ranço pessoal. O mal fadado território da grosseria e não generosidade, flutua no entorno do ambiente artístico, e como já dito antes, infelizmente, é uma certeza.

É bem provável que a coisa toda se forme na vulnerabilidade adolescente que, para muitos, é o período não só de fascínio, como a porta de entrada para o universo musical. E isso é carregado ao longo do tempo sempre a tira colo como um escudo para as incertezas e inseguranças do nicho. E não raro a música e sua dádiva infinita se transforma em uma competição descabida afim de corromper tudo à sua volta como um maléfico buraco negro.

Em nosso favor, fica a esperança de mudar o jogo com o passar do tempo. Esperar que o empilhamento de gestos rudes se transforme em mãos estendidas afim de estabelecer uma camaradagem de classe e fator humano.

Seria prudente também ressaltar que temos a nossa parcela de culpa em tudo isso. Música, arte em geral, é movimento. E aqui, exercer a gentileza pode ser o grande divisor de águas. Você, ao contrário do que pensa, não é definido pelo seu talento ímpar ou genialidade. E sim, por gestos, ações. É como eu disse; movimento.

E se você perambula há um tempo no escorregadio território da música, já sabe disso. Rever ações, comportamentos e relações é quase como a definição da sua continuidade como artista. Ao invés da crítica, o amparo. No lugar da dúvida, o respeito e o acreditar. Muito pouco, pode sim, mudar o jogo.

E também foi tema do meu podcast StarShred

Há pouco, aproveitando o clima da generosidade do natal falei em meu podcast, o  StarShred, sobre a generosidade, gentilezas e suas lacunas no nosso meio.

Ainda há muito pra ser feito. O sinuoso caminho da imperfeição urra dia após dia para que não nos deixemos dobrar dessa maneira. É certo que você nunca vai receber elogio ou respeito de quem não acredita na cena ou não produz verdadeiramente. Então, não há muito com o que se preocupar. Devemos ficar atentos, claro. A gentileza não é um acessório. Pode sim ser regada e florir, no entanto, já que é o DNA que faz a diferença. Independente de estilos, tendências e rótulos, quer queiram ou não: estamos no mesmo barco. Uma longa jornada.

O que pode ser o início do entendimento é o estender de mãos através da gentileza como peça central nesse quebra – cabeça chamado arte.

L.M.


Author: Maldonalle

Luís Maldonalle é guitarrista há trinta anos e é e considerado um dos grandes expoentes da cena do Centro-Oeste. Atualmente se dedica ao conteúdo via redes e o Tributo Yngwie Malmsteen. Luís sempre foi um aficionado das clássicas histórias de terror e literatura fantástica. O seu livro, Sete Noites em Claro, é a estreia dele no universo do terror e fantasia. Para mais informações visite :https://www.paypal.com/donate?hosted_button_id=M83EX6BSSVXS4

4 thoughts on “Vivendo de Música • A sutil arte do elogio

  1. FELIPE KERN MOREIRA says:

    Muito legal o texto, Maldonale. Sem dúvida, além de um músico talentoso você é muito generoso.

    Responder

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