Complexo de Vira-Lata • São Paulo
A Complexo de Vira-Lata é uma banda de músicas próprias que classifica suas composições como “um rock meio sério, meio escrachado”. As letras abordam questões comportamentais, sociais e políticas, com poesia e, por vezes, com uma pitada de bom humor.
Formada em São Paulo por Júlio Vieira, Yuri Pietragalla, Eder Brito e Ciro Madd, suas influências musicais são diversas, do rock clássico ao blues, passando pelo rock nacional e por músicas regionais.
O álbum “Homem Sensato” está disponível no Spotify, Deezer e Youtube desde 2020. Em dezembro de 2021, a banda lançou “O Nobre e o Plebeu”, sua primeira música instrumental. Em 2022, a banda lançou a música “Antes do Fim Chegar”. Algumas faixas vêm tocando em diversas rádios de rock e blues alternativas do Brasil e do exterior.
Confira a íntegra da entrevista que a Complexo de Vira-Lata concedeu ao blog Música e Vinho:
Como a banda surgiu?
A Complexo de Vira-Lata é uma banda de rock com um pé no blues e em músicas regionais. As letras são em português e abordam questões comportamentais, sociais e políticas, por vezes com uma pitada de bom humor.
A banda foi criada pelo guitarrista e cantor Júlio Vieira e, de 2007 até hoje, passou por diversas formações. Nesse período, se apresentou em bares e nos Centros Educacionais Unificados (CEUS) da Prefeitura de São Paulo. Já se apresentou também algumas vezes na Avenida Paulista, em shows abertos ao público.
Em 2018, a banda fechou sua formação atual, quando Júlio Vieira se reuniu com o baterista Yuri Pietragalla e com o cantor, violonista e baixista, Eder Brito. A partir desse momento, a banda destinou toda a sua atenção à produção de um álbum 100% autoral. Em 2020, lançou, junto a ONErpm, o álbum “Homem Sensato” nos principais serviços de streaming, como Spotify, Deezer e YouTube.
Como é o processo de composição da Complexo de Vira-Lata?
O trabalho de composição é, antes de tudo, um trabalho de paciência. Diversas ideias musicais surgem rapidamente, mas as ideias realmente boas demoram e é necessário saber esperar, além de ter sempre a mão um gravador para registrar tudo o que vier a cabeça.
O mais importante numa música é não soar óbvia. Se um músico faz exatamente aquilo que se espera dele, então não houve criatividade, não houve nada de novo. A criatividade existe quando se faz o inesperado.
Quanto às letras, boa parte abordam temas políticos, em certos momentos com posicionamento aberto, em outros nas entrelinhas. O Brasil vive um momento em que absurdos são normalizados e que a própria cultura é atacada. Nunca foi tão importante fazer arte crítica e questionadora. Nós embarcamos nessa! O próprio termo “Complexo de Vira-Lata”, inventada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, é uma crítica social com uma pitada de bom humor.
O que é ser um artista independente no Brasil?
Dificílimo, em especial para quem faz rock. O Brasil de hoje é o país do sertanejo, do funk batidão e da música gospel. Claro que existe o público roqueiro, mas hoje está muito longe da força que teve nos anos 80 ou mesmo nos anos 90. Além disso, boa parte dos roqueiros querem ouvir covers e somos banda autoral. Dessa forma, os show são raros e, quando aparecem, o pagamento costuma ser baixo, as vezes em cerveja, em água ou até… sem pagamento.
Como não podemos pagar o preço de estúdio, gravamos nosso álbum “na raça”. A maior parte da produção foi feita na casa do baterista. Aprendemos a mexer em softwares de mixagem, aprendemos a melhor forma de microfonar amplificadores, pegamos alguns instrumentos emprestados, fizemos gambiarras para compensar a falta de alguns equipamentos. Descobrimos que cabos de vassouras com fita isolante podem substituir pedestais, que colchões jogados na parede podem substituir estofamento de estúdio. No final, com paciência e carinho, tudo dá certo.
Certamente os gastos econômicos são maiores que os ganhos. Contudo, seguimos no rock. Fazemos, antes de tudo, porque gostamos. O orgulho de se fazer uma música em que se acredita vale mais do que qualquer dinheiro, do que qualquer coisa!
Qual foi o impacto da pandemia no trabalho de vocês?
Enorme. Nosso álbum foi lançado em março de 2020, pouquíssimo tempo antes das medidas de isolamento social. Nossa ideia era divulgar o álbum assim que o lançamos. Iríamos produzir vídeo-clipes, iríamos abrir um Instagram para divulgar o material e tentar fazer um barulho. Mas a pandemia nos obrigou a adiar toda a produção de conteúdo para a divulgação do trabalho.
Muitas bandas aproveitaram a oportunidade para fazer lives, mas preferimos seguir no isolamento social. Até hoje estamos isolados, pois a vida é prioridade. Um dos nossos integrantes, inclusive, chegou a ser internado em estado grave em razão da Covid-19. Hoje, felizmente, está bem.
Nós do Música e Vinho ficamos muito felizes em conhecer bandas autorais e que enfrentam os desafios por acreditarem no que produzem. Por isso, foi ótimo conhecer um pouco mais da Complexo de Vira-Lata. Se você tem uma banda independente e quer que a gente conheça, entre em contato conosco.
Deixamos abaixo uma música do novo disco da Complexo de Vira-Lata para trazer um gostinho do trabalho que esses caras fazem. Contudo, você também pode ouvir o álbum completo pelo Spotify, Deezer e Youtube. Além disso, eles estão presentes em rádios alternativas do Brasil e de Portugal. (Entrevista disponível no blog Música e Vinho)