Semearte • A arte de experimentar arte
Semearte • A arte de experimentar arte é o artigo de estreia de Érika Ramos na Expedição CoMMúsica.
Sobre Érika Ramos
Érika Ramos é formada em letras pela UERJ e apaixonada por livros. Atua como influenciadora criativa dentro do ramo literário, promovendo que escritoras quebrem padrões e inovem na sua comunicação dentro das redes. Como a criatividade é seu carro chefe, aproveita para explorar a veia cultural por esse aspecto e inovação.
Semearte • A arte de experimentar arte
Desde que decidi criar um espaço meu na internet, já me joguei em algumas áreas, tive durante um tempo um blog literário e escrever se tornou uma profissão além de uma paixão.
Sou adepta da forma de vida que se joga e experimenta, já experimentei diversos tipos de literatura e de caminhos no digital.
Muitas das vezes fiz coisas só para agradar, ou por achar que era o esperado de mim. Com isso, esqueci-me por vezes da minha essência.
A criatividade e a escrita sempre fizeram parte da minha jornada, lembro-me que na 7ª série conheci a obra de Pedro Bandeira e foi um despertar para minha vida leitora. Na época, muitas vezes troquei o recreio com os amigos para ficar lendo na biblioteca.
Hoje sei que sou bastante camaleoa na hora de fazer minhas artes, gosto de narrativas breves, e me encanta o poder da concisão, justamente porque sou uma pessoa bastante falante e por ser um desafio para mim.
Nessa vibe de me jogar, eu conheci umas mulheres que estavam escrevendo, assim como eu, e fiquei encantada por aquele grupo. Percebi que havia um mundo se abrindo para que eu usasse a minha criatividade para compor histórias.
Hoje sou membro do Coletivo Escreviventes e tenho orgulho de fazer parte de um grupo grande e plural como esse, de me permitir conhecer formas diversas de escrita. E com elas trocar experiências que tornam a vida da escritora ainda mais rica.
Dentro da escrita, eu me permito explorar e trazer a criança interior para fora, e a oficina mais recente que me proporcionou isso foi a de Zine, com a Pati Peccin. Nela, eu cortei e colei revistas e assim formei uma nova arte através daqueles conteúdos, distorcendo imagens e provocando um novo pensar.
E eu vejo a literatura em suas mais diversas formas como um lugar de provocação, onde se questiona o sistema e as máximas que são ditas como verdades absolutas.
Hoje eu estou estreando nessa coluna e me sinto realizada por estar assumindo meu lado escritora de uma vez por todas.
Eu precisei percorrer um longo caminho para entender que esse chamado sempre se fez mais forte dentro de mim, porém esses caminhos “errados” me ensinaram algumas coisas:
Valorizar minha jornada:
Aprendi que é importante olhar de onde viemos, os cursos e formações que temos, e também as conquistas emocionais por que passamos. Eu venho de uma longa jornada no curso de letras e minha paixão sempre foram as matérias de literatura e escrita, sempre dava meu jeito de fugir ao padrão do curso e fazer matérias que por vezes não eram tão populares entre os acadêmicos.
Assumo hoje o curso de letras como a minha formação principal que me preparou para abordar arte, literatura e o universo da escrita dentro de um projeto pessoal e único.
Hoje escrevo no meu instagram: @erika.meninamulher e esse espaço é meu campo de experimentações literárias. Nele, trago a literatura, a escrita e arte como conversas possíveis e exploro também textos autorais.
Não dar ouvido a quem não construiu nada:
Muitas pessoas não vão entender o nosso caminho, na escrita ou fora de uma profissão dada como profissional e já validada pelo mercado. Elas vão dizer que estamos perdendo tempo, ou que devemos procurar um emprego de verdade, que para elas seria uma carteira assinada e a certeza de salário no fim do mês.
Para mim, a vida é muito mais do que uma CLT, e acredito que para muitos criadores isso também é verdade. Todo dia é um desafio colocar no papel a minha arte, expor para o mundo meus pensamentos através de escritos, trazer a literatura de forma acessível, mas é o que move meu coração e eu sinto que cada dia mais eu me aproximo de realizar o impossível.
E sobre as pessoas, eu aconselho você a se cercar de quem tem o mesmo objetivo que você, ser surdo para apelos negativos e não se limitar através da régua dos outros. Às vezes, as pessoas falam com a intenção de te proteger de se machucar nessas aventuras que são desconhecidas para ela, mas cabe a gente saber o que é nosso e o que é do outro.
Escrever é o que move o meu coração:
Sim, preciso reafirmar isso mais uma vez nesse texto, porque eu já reneguei e negligenciei meu lado escritora muitas vezes. Indo atrás de caminhos que não eram o meu, ficando num emprego que me desgastava emocionalmente e me deixava sem forças para lutar por aquilo que desejava.
A escrita encontra a sua potência através do projeto que trago para os leitores aqui, na Expedição CoMMúsica, o Semearte é uma coluna que veio para quebrar paradigmas sobre criatividade, mostrar que nem sempre precisamos inventar a roda para ser criativos e que feito, é melhor do que perfeito e não feito.
Não faço parte do padrão e tudo bem:
Sempre percebi que eu nadava contra a maré em muitos momentos da vida, amo até hoje contos de fadas, e eles são parte da minha formação. Algo que nunca foi visto com bons olhos na minha adolescência e me colocava no papel de sonhadora.
Papel esse que eu assumi como um fardo e tentei sempre me adaptar às narrativas modernas, aos anseios dos outros, mas nunca obtive sucesso nisso. Eu não sabia fingir que gostava de rebelde, por exemplo, eu não conseguia fugir a minha essência que preferia ler a ficar de bobeira no recreio, eu era diferente e manifestar isso, por vezes, foi um ato de coragem da adolescente que fui.
Hoje eu vejo que preciso resgatar essa independência adolescente e enxergo que ser a sonhadora da família não é um fardo, mas alguém que vê o mundo além das paredes de casa, que acredita nas possiblidades e vê a criatividade como saída para um mundo em preto e branco assumir suas cores.
Nasce uma semente de fé, criatividade, esperança, leituras, e muita imaginação, nasce o Semearte para colorir a realidade através de sonhos possíveis.