Semearte • Manifesto a favor do sonho

Semearte • Manifesto a favor do sonho

Semearte • Manifesto a favor do sonho é artigo de Érika Ramos em sua coluna semanal na Expedição CoMMúsica.

 

 

Hoje fui provocada pela seguinte pergunta: Em qual momento da vida você se sentiu mais à vontade para criar?

E a reposta que me veio imediatamente foi na minha infância. Tenho imagens nítidas minhas prestando atenção em histórias para depois criar minhas próprias narrativas.

Desde brincar de Barbie, a brincar na rua eu era a mestre de cerimônias que comandava o jogo do faz de conta, minha imaginação era sem limites e só era interrompida com o grito da mãe chamando para dentro.

Deu até saudades da infância nos anos 90, tempos vividos e aproveitados com intensidade tamanha que renderam muitas histórias, e alguns machucados.

Marcas de uma infância saudável para mim, e um susto a mais para meus pais.

O jogo de faz de conta sempre foi um grande amigo para mim, era nele que eu encontrava a minha forma mais autêntica de expressão.

De tanto gostar eu cresci rodeada por livros e palavras, havia épocas na adolescência que fugia dos meus amigos no recreio para me esconder na biblioteca e ler um pouco mais.

Já fui pequena sereia, dançarina, vovó, cantora e tudo que eu quis no mundo mágico do teatro escolar. Eu me jogava de cabeça em personagens, apresentações e brilhava enquanto artista.

De tanto sonhar com palavras, as palavras se tornaram minha forma de extravasar para o mundo a minha voz.

E olha que eu tentei fugir desse caminho, mas por mais voltas que desse, a vida me trazia de volta a escrita, e a escrita parecia sempre saber traduzir meus sentimentos, emoções e mensagens.

Ouvi inúmeras vezes que viver de sonho não põe a mesa, e não posso dizer, ainda que meu sonho me sustenta. Porém sou muito mais feliz podendo compartilhar com mundo meu pensamento, do que quando guardava minhas ideias para mim.

A cada dia que colocamos uma palavra no mundo estamos construindo a casa dos sonhos.

Na minha infância a casa da Barbie foi meu sonho, e cenário de muitas histórias.

Quando cresci e fui explorar o mundo, percebi que o mundo era meu cenário e a vida uma eterna fonte de inspiração.

Hoje há na minha mente desde pequenas narrativas a longos romances, alguns expostos nas redes, outros ainda esperando o momento de ganhar o mundo.

Enfim, chego à conclusão de que resgatei minha criança interior ao escrever este texto. A criança que foi embaixadora da imaginação e que ficou muito tempo esquecida na gaveta.

E convido a você, leitor, a se perguntar: Em qual momento da vida você se sentiu mais à vontade para criar?

Qual o seu objetivo de vida?

Sei que vivemos em um mundo capitalista e que como adultos temos boletos a pagar, mas você já parou para pensar que a vida não se resume só a pagar boletos?

Com meu manifesto a favor do sonho quero provocar você a encontrar com a criança que foi um dia, e a partir disso ver se você tem a vida que quer, ou se está preso dentro de uma caixa.

A vida por vezes tenta nos limitar, dizer que o sonho é impossível, mas como artista inconformada eu não aceito me curvar diante de uma única possibilidade de sobrevivência.

Convoco a todos a se juntarem no manifesto a favor do sonho, pois o mundo não precisa ser restrito a cumprir tarefas, envelhecer e morrer.

Há pelo menos um sonho dentro de cada pessoa, vamos vivê-lo hoje?

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