Cavando Ideias • Exposições em homenagem ao povo negro

Cavando Ideias • Exposições em homenagem ao povo negro

Cavando Ideias • Exposições em homenagem ao povo negro e conta sua experiência ao visitar o Museu Afro Brasil e o MAM, ambos em São Paulo.

 

 

Fiquei maravilhada ao fazer uma excursão de Campinas a São Paulo no dia 26 de novembro e visitar pela primeira vez o Museu Afro Brasil.

O Museu Afro Brasil é uma instituição sem fins lucrativos destinada a preservar a memória social e cultural do negro brasileiro, dando relevo às culturas da África. É administrado pela Associação Museu Afro Brasil; cuja vertente é voltada para as diferentes manifestações culturais que venham a contribuir para a afirmação da identidade brasileira e a reflexão sobre a história e cultura de nosso país.

O Museu Afro conta com o apoio da prefeitura da cidade de São Paulo e o patrocínio da Petrobrás. Essas informações estão no roteiro de visita elaborado coletivamente pelo Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil em 2005. Infelizmente, este roteiro não é entregue gratuitamente, embora a entrada seja gratuita. Mas eu sou daquelas que aprende visitando museus, lendo sobre eles e visitando sites. Enfim, coletando o máximo de informação possível, principalmente, se julgo interessante. Este foi o caso do Museu Afro. Para conhecer e fazer uma visita, fica no Parque do Ibirapuera portão 10.

O catálogo foi organizado respeitando os núcleos que compõem a Exposição do Acervo. Cada núcleo tem sua temática central introduzida por um pequeno texto e as imagens escolhidas para representá-la foram aquelas que, de certa forma, sintetizam o conteúdo exposto. As cores que aparecem abrindo os núcleos são as mesmas que estão no espaço expositivo e têm a função de orientar o público durante a visita.

O primeiro núcleo, de cor roxa, mostra a África como um lugar de imensa diversidade de culturas e arte produzidas. Há muitas gravuras, esculturas e fotografias que demonstram os reinos da África do passado.

Em seguida, a cor verde, mostra a escravidão, onde se encontra exposta uma imensa caravela ou esqueleto de uma com objetos utilizados para prisão e tortura do povo retirado à força de sua terra original, que passou séculos servindo ao homem branco sem condições humanas de vida. Há também inúmeros quadros e cartas de jesuítas que foram os primeiros a conviver com o povo africano.

No núcleo vermelho estão as vestimentas, instrumentos, esculturas representando as religiões africanas.

 

Museu Afro Brasil. Vestimenta religiosa de fé africana. Crédito foto: Silvia Ferreira Lima.

 

O núcleo amarelo traz as crenças africanas e o modo como se misturam aos atos religiosos católicos, em imagens, em quadros, em fotografias, em ex-votos de igrejas, bem como aos santinhos esculpidos em madeira.

 

Museu Afro Brasil. Exposição de ex-votos. Pequenas esculturas entalhadas em madeira quando um pedido de cura era atendido. Crédito foto: Silvia Ferreira Lima.

 

O Núcleo marrom trata de história e memória, ou seja, os homens e mulheres negros e negras que se destacaram na História do Brasil. São bem mais do que se imagina, alguns já famosos e muito estudados, como: o poeta Cruz e Sousa; o escritor Machado de Assis; o jogador de futebol e tricampeão do mundo Pelé; entre outros músicos, como: Gilberto Gil, Wilson Simonal, o escultor barroco Aleijadinho; a atriz Ruth de Sousa, o ator Grande Otelo, entre outros incontáveis.

 

Museu Afro Brasil. Cartazes de pessoas negras relevantes na cultura brasileira. Crédito foto: Silvia Ferreira Lima.

 

O museu Afro Brasileiro é enorme. Para se visitar tudo com atenção, seriam necessárias, pelo menos umas duas horas, com direito a banheiro e café. O que infelizmente, só existe fora do museu: o necessário e brasileiro cafezinho, momento de relaxamento e troca de ideias, com direito a um docinho de leite ou um pãozinho de queijo, enfim, o que não apenas os mineiros, mas todos os brasileiros apreciam, no meio dos seus passeios.

Começamos a andar por baixo, com a exposição do escultor baiano, Emanuel Araújo, um visionário a sonhar com um museu afro no Brasil, algumas de suas obras escultóricas, várias feitas com palha, estão expostas logo na entrada do Museu. Além disso, o museu Afro foi inaugurado em 2004 devido às doações feitas por Emanuel Araújo, seu curador, que coletou durante dez anos o que passou a fazer parte do Museu Afro atual. Grande contribuição social a sua, além da arte, da história e da cultura.

No andar de cima, existe a biblioteca Carolina Maria de Jesus que, infelizmente, ainda estava fechada. Mas já se imagina que contenha obras de nossos escritores negros famosos. O prédio do Museus Afro Brasileiro, é tão grande, ou parece, quanto o prédio da Bienal. Porém, há vários espaços ainda não organizados. Mesmo assim, forma reunidas mais de 5 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias e documentos. Acrescento ainda o comentário de que o roteiro da exposição não é facilmente seguido. Afinal, a partir do momento em que entramos, há tantas informações e tantos caminhos, que não existe uma sequência obrigatória, ou uma ordem natural da localização dos objetos. Podemos começar com a arte ancestral, passar pela caravela da escravidão e parar nas obras de cultura contemporânea, produzidas por artistas atuais. Podemos seguir várias linhas, vários caminhos, vários corredores, perdendo a noção de por onde passamos. É realmente imenso: o espaço, os objetos, o conteúdo explicado e demonstrado. Aulas de culturais, hábitos, religiões, sociedades, épocas, vidas e contextos diferentes.

Achei algumas obras contemporâneas mais bonitas do que as que tinha acabado de visitar no MAM, no Portão 2 do Parque do Ibirapuera. Claro que no MAM, tem um café excelente, com um maravilhoso restaurante, ao preço incomum de R$80,00 por pessoa, sem bebidas incluídas, porém, com direito a se servir quantas vezes forem desejadas. Ainda bem que eu já tinha almoçado no MAM, mas no que diz respeito à quantidade de obras e objetos a serem observados, o Museu Afro Brasileiro foi incomparável! Mesmo que eu tenha batido papo com a vendedora do MAM, sobre povos originários, sobre procurarmos nossos ascendentes, sobre valorização às nossas etnias originais.

O Museu Afro também possui uma loja, com mais espaço do que a do MAM, porém, sem venda de água ou café. O que nestes momentos faz muita falta. Na lojinha do MAM, comprei um ímã, réplica de um quadro de um pintor indígena. Além disso, também comprei Cumbe, uma história em quadrinhos em formato de livro, de autoria de Marcelo D´Salete, cujos quadros em quadrinhos, também estão expostos no MAM. A exposição 37º Panorama da Arte Brasileira _ Sob as cinzas, brasa. Bem menor em relação ao Museu Afro, foi contundente! Peças bonitas e várias marcantes! Eu recomendo a visita aos dois espaços. o que eu fiz justamente como marco ao dia 20 de novembro, com o Dia da Consciência Negra. No MAM, várias obras tratam dos povos originários e outras etnias, que também formaram o povo brasileiro, como o povo africano. Adorei o passeio e faço essa sugestão para todos.


 

 

Mais informações:

 

http://www.museuafrobrasil.org.br/o-museu/hist%C3%B3ria

 

https://mam.org.br/exposicao/37o-panorama-da-arte-brasileira-sob-as-cinzas-brasa/

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