Vamos dançar o Break
Vamos dançar o Break – O 50 anos do Hip Hop ! é artigo de Marcelo Kurts em sua coluna, a Estação Black.
Hey B.Boy, Hey B.Girl !
A Break Dance, incluída como uma modalidade nos Jogos Olímpicos de Verão de 2024, em Paris será parte do programa olímpico como uma nova categoria esportiva, junto a outras já existentes como é o caso do Skate. Portanto, não será apenas uma categoria ou disciplina, mas sim uma modalidade completa nos Jogos Olímpicos. Isso marca um reconhecimento importante da dança como uma forma de competição atlética e artística.
A história do Break, também conhecida como B.Boying ou Breaking, é parte fundamental da cultura Hip-Hop e tem suas raízes nas comunidades urbanas dos Estados Unidos, mais precisa no bairro do Bronx, em Nova Iorque, durante o final da década de 1960 e início da década de 1970.
Surgiu como uma forma de expressão artística entre os jovens afro-americanos e latinos que buscavam maneiras de se expressar e escapar das dificuldades enfrentadas em suas comunidades. A dança foi influenciada por diversos elementos, incluindo movimentos de danças africanas como a capoeira, a dança de rua e até mesmo os movimentos acrobáticos.
Os B-boys e B.Girls foram os pioneiros dessa forma de dança criando movimentos únicos, muitos dos quais envolviam acrobacias, giros no chão, movimentos rápidos de pernas e braços, além de improvisação e competição amigável entre dançarinos. Movimentos como o Moinho de vento, Giro de cabeça, Fler, são atrativos até mesmo para leigos que não conhecem a dança.
Não demorou muito para o Break se tornar um elemento integrante e importante da cultura Hip-Hop, juntamente com o Rap, o Grafite e o DJ. As festas de rua e os eventos de dança, conhecidos como “battles” (batalhas), eram lugares onde os B-boys e B-Girls se encontravam para mostrar suas habilidades e competir entre si. As batalhas não eram violentas, mas sim uma demonstração de talento e destreza, onde vencia a crew que desenvolvesse melhor os movimentos da dança.
Nos anos 80 o Break ganhou visibilidade internacional graças a filmes como “Breakin I e II'” (1984) e “Beat Street” (1984), que popularizou a dança em todo o mundo, influenciando muitos adeptos, inclusive de SP, e dando origem a diversas Crews que se tornaram referência para a cultura Hip Hop. Durante essa época, diversos movimentos característicos da dança foram codificados, e a cultura começou a se espalhar por diferentes países, cada um adicionando seu toque único. O Power Moving brasileiro é considerado mundialmente um dos mais importantes, pois a introdução de elementos da capoeira surgiu de B.Boys brazucas como exemplo o capoeirista e DJ Alam Beat do grupo Sampa Crew, tido como um dos melhores no estilo durante os anos 90.
O Break também evoluiu ao longo do tempo, incorporando novos movimentos, técnicas e estilos. Além disso, o aspecto competitivo das batalhas continuou a ser parte importante da cena, levando à criação de eventos e competições de alto nível em todo o mundo.
Atualmente, a dança ganhou mais destaque ao ser incluída como uma das modalidade nos Jogos Olímpicos de Verão de 2024, marcando um reconhecimento oficial da importância cultural e atlética. O Break popularizado por Michael Jackson em suas coreografias é muito mais do que uma forma de entretenimento, é uma expressão artística que reflete a história, a criatividade, a resiliência e a identidade das comunidades das quais emergiu, o Break é a essência do Hip Hop que não se limita à música Rap. O papel do B-Boy ou B-Girl é transmitir toda a concepção do Hip Hop e propagar através da dança os fundamentos criados pela Zulu Nation, cujos lemas Paz, Unidade, Amor e Diversão fazem parte de uma ideia surgida em meio a conflitos e mazelas ocorrentes em comunidades mundo a fora.
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