O post de hoje é diferente. É sobre escrever. A escrita é ainda um processo forte na minha jornada. Com alguns livros de ficção já publicados, não é tão difícil traçar um paralelo de dificuldade de mercado com a música. Afinal, são braços, ramificações da arte. Esse foi um texto escrito em 2015. E ainda acredito muito no que foi dito.
O primeiro livro do escritor Stephen king que li foi Christine, provavelmente entre 1987 e 1988. De lá pra cá, eu tive acesso a um monte de suas obras… (boa parte do que foi lançado aqui). Algumas, eu conheci primeiro através dos antigos Vhs (Voo Noturno, Metade Negra, Langoliers) e posteriormente os DVDs (A última Tempestade do Século e Nightmare and Dreams Escapes, entre outros) antes de poder lê-los. (alguns mais de duas vezes).
Eu comecei lendo hqs quando eram conhecidas simplesmente por gibis. A Marvel era o carro chefe das minhas leituras, até que Allan Moore e Frank Miller viraram tudo de ponta-cabeça. Um pouco antes disso, eu ia constantemente em sebos à procura de mais e mais edições no intuito de completar a coleção. Ainda lembro da minha feição de surpresa ao ver o primeiro impresso no formato americano (um delay de quase dez anos por aqui). Mal sabia que mais de vinte oito anos depois, eles seriam tão normais quanto bandas fajutas de rock.
A indústria cresceu. O avanço tecnológico parece ainda longe de seu ápice. E muito do que antes soava impossível é agora praxe. E dá-lhe Phillip K. Dick.
Eu continuo lendo Stephen King, acho que o farei enquanto conseguir fixar os olhos em uma página com algo dele escrito. É mais forte do que eu.
Talvez, a única regra padrão na escrita seja; ler, ler e ler.
O resto, bom, o resto é conversa furada. Não existe fórmula mágica ou atalho. Existe, como quase tudo na vida, comprometimento e disciplina. Ir, seguir em frente, ao invés de reclamar. Aquele teto baixo que por vezes faz você curvar a cabeça, pode ser tão importante quanto o que não escrever. Sobre o que não falar.
Cada um tem a sua história. Referências, diretrizes e coisas a serem exorcizadas ou cultivadas, cabe a você, escolher a ordem das palavras e como discorrer sobre o assunto em questão.
Sim, as limitações existem. E se você entender direito talvez é o que te faça um contador de histórias melhor. Um que procure a própria voz, independente do que o mercado peça ou o que os outros achem. Literatura é sobre afinidade, identificar-se com um estilo em questão. E não, atirar uma rede ao mar em total desespero, em busca de um editor mágico ou sua redenção financeira.
A foto com o café ao lado de um livro de Faulkner ou Machado de Assis (ou aquele formidável advérbio no fim da frase) não vai te fazer um intelectual ou alguém com linguagem rebuscada. Mas é um ótimo acelerador metabólico. Isso é fato (o café, não o advérbio).
Escrever vai um pouco além de publicar textos em blog, wattpad, widbook ou até mesmo na Amazon. Escrever, deve ser uma necessidade. Não pelo status quo ou a grana. Na verdade, se você ganha dinheiro escrevendo, você faz parte de uma minoria. Tampouco, deveria estar por aqui, lendo essas linhas.
Eu ainda acredito em histórias, as bem contadas. Com monstros, objetos possuídos, fantasmas, ou simplesmente; uma boa trama e personagens críveis. Aqueles que vão além da história. Eu digo, quando ela realmente acaba.
A alguns, pode parecer um subgênero. O suspense assim como o terror sempre caminhou à margem da beleza literária, quase como um irmão defeituoso escondido em um sótão ou porão.
Mas a quem possa interessar, grandes obras marcantes, calhamaços perpetuados ao longo da história, atravessaram anos e décadas, batendo no peito e assumindo aquilo que eram. Isto também é sobre escrever; ser quem você é. Escrever sobre o que de fato sabe. No fim das contas, o leitor sabe quem está falando com ele. Azar o seu, se ainda não percebeu. Mas isto é um pouco sobre o que é a vida. Ficção e realidade se entrelaçam mais do que a maioria imagina (outro grande azar).
As coisas não mudaram muito pra mim. Você sabe. Eu ainda continuo com os velhos discos em formato de bolachas. O gibis (alguns empoeirados) pré- formato americano. E a lembrança de toda e qualquer cultura-pop que parece querer me acompanhar vida afora; Coca cola, fliperama, os Gonnies, Star Wars, E.T, Rambo, Exorcista, Tubarão, De volta para o futuro, Predador, Freddy Krueger, Alien (essa lista poderia durar bem mais do que a minha capacidade de escrever), todos eles estão incrustados no dia a dia e a expectativa de contar novas histórias.
Independente do que aconteça (a América do sul se tornar uma embaixada do The Walking Dead, ou o Nicolas Sparks resolver escrever algo sobre o Diabo), vou ouvir as velhas canções, mesmo que a agulha sambe em um sulco já empenado, e ter um livro do King à cabeceira. É como eu disse; é mais forte do que eu.
L.M – maio de 2015