Avessitude • Você tem fome de quê?

Avessitude • Você tem fome de quê?

Avessitude • Você tem fome de quê? é artigo de Cris Rosa em sua coluna semanal na Expedição CoMMúsica.

 

A música ‘Comida’, de 1987, da banda Titãs, faz crítica social sobre as necessidades do ser humano. Ao me analisar durante anos, entendi a minha fome de escrever para me expressar. Assim, discutir a mudança estrutural da nossa sociedade em que as leis de equidade de gênero, raça e classe só existem na Constituição Federal, C.F., é fundamental para mudarmos a realidade:

“Muitas mulheres em todo o mundo ainda carecem de direitos humanos básicos e enfrentam discriminação e violência de gênero.” (Artigo Igualdade de gênero, acessado em 27/06/2022.)

 

A luta feminista

Na Europa, houve a primeira onda do feminismo quando elas reivindicaram o direito de eleger seus representantes políticos e se tornarem elegíveis através do voto. O movimento expandiu-se por toda a América. 

No Brasil, elas tiveram essa conquista em 1932. No entanto, sua representatividade entre parlamentares é muito baixa. A média nacional é de 16%, enquanto a global é de 26%, segundo o Portal do Inter-Parliamentary Union.

A partir desses dados, deduzimos um dos motivos por que a luta pela equidade de sexo ainda não foi resolvida. Esse quadro reflete nas questões socais, pois os índices de violência doméstica, baixa renda e fome entre as famílias chefiadas por mães e avós só aumenta.

 

Reivindicação dos direitos 

Contudo, essa luta, não começou com as sufragistas. Em 1792, o livro ‘Reivindicação dos direitos da mulher’, de Mary Wollstonecraft, já abordava criticamente a Constituição Francesa de 1791. Lutava pelos direitos de todas serem consideradas cidadãs, adquirirem educação formal e autonomia no contexto a que eram submetidas aos seus pais, irmãos mais velhos e marido.

 

Quais consequências da educação doméstica reservada apenas ao sexo feminino? 

Duas das principais consequências são o baixo índice de representatividade parlamentar e de escritoras publicadas. Sobrecarregadas, cuidando sozinhas da casa e das crianças, como iriam fazer carreira profissional, política e intelectual? 

É preciso fazer o recorte da classe e da raça. Enquanto as da elite branca lutavam por esses espaços, que eram apenas dos homens brancos e ricos, as pobres, já trabalhavam desde a infância em péssimas condições humanitárias e baixíssimos salários. E, ainda, as pretas e pretos foram sequestradas(os), violentadas(os) e escravizadas(os) sem reparação do poder público para superarem as consequências do racismo estrutural até hoje.

Por isso, a importância de usarmos nossa branquitude e nossos privilégios de possuir recursos para nos informar além do senso comum e de fake news, assim como eleger parlamentares que representem sua luta. 

A minha real vontade é de escrever, discutindo esse modelo de sociedade e revirá-lo do avesso. A maior necessidade da minoria, talvez seja a visibilidade no que tange à representatividade administrativa e aos direitos civis. E você? tem fome de quê? Té mais.

Referência bibliográfica:

WOLLSTONECRAFT, Mary. Reivindicação dos direitos da mulher. Edição comentada do clássico feminista; Tradução Ivania Pocinho Motta. 1.ed. SP: Boitempo, 2016.

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