Baixaria Sonora – Uma crônica em Lá Maior
Jean Paz escreve a coluna Baixaria Sonora todas as terças-feiras
Você já parou para pensar no quanto uma música pode ser importante na sua vida?
No quanto a arte é necessária?
A história que contarei a seguir fala sobre uma das decisões mais importantes da minha vida, motivado por um grande clássico da música brasileira.
Apreciem sem moderação.
O que você fazia na virada de 2013 para 2014?
Você lembra?
Quais eram seus planos para aquele ano?
Na noite da virada, poucas horas após a ceia e o brinde, meu relacionamento de 7 anos chegava ao fim. Relacionamento esse que me fez vir para São Paulo deixando banda, time e familiares no sul. Na verdade, ele ja vinha se deteriorando há algum tempo. E o desentendimento que tivemos enquanto fogos ainda estouravam pelos céus do Guarujá foi a gota dágua. O tão esperado ponto final. Voltei para São Paulo no dia seguinte, assim que minha nova ex e sua família foram para a praia.
Um anúncio no facebook me chamou a atenção: “Procuro alguém para dividir um apartamento de 2 quartos na Luz”. Eu não conhecia essa pessoa. E não conhecia o bairro da Luz. Mas a possibilidade de recomeçar minha vida do outro lado da cidade me deixou animado. E o valor do aluguel, condomínio e despesas cabia no meu orçamento. Nos encontramos, visitamos o apartamento e depois fomos beber umas. Bebemos uma caixa de cerveja e ficamos empolgados com o apartamento. No meio da conversa, ele comentou que seu colega iria embora no final do mês, e que teríamos que correr para agilizar a documentação do aluguel.
O plano B seria ficarmos com o apartamento em que ele morava, que era um pouco mais caro, mas ficava numa região um pouco mais movimentada. Foi o suficiente para me deixar indeciso. Há um tempo atrás eu tinha ido a um show do Amarante (meu Beatle preferido) no Sesc Pompeia, e ele havia tocado uma versão impecável de “Augusta, Angélica e Consolação”, e desde então, essa música não saia da minha cabeça.
E foi no caminho do meu trabalho, quando essa música tocava no meu mp3 player, que eu captei a mensagem que o universo me enviou através da poesia do mestre Tom Zé.
Liguei na hora para meu futuro colega de apartamento e disse: “Cara, vamos morar na luz”. Ele me perguntou: “Você não tava indeciso? Por que você escolheu a Luz?” Eu respondi: “Porque estava tudo escuro dentro do meu coração”. Ele não entendeu nada. Mas na semana seguinte resolvemos as questões burocráticas e em pouco tempo estávamos morando ao lado da Pinacoteca. A decisão foi tão acertada, que hoje, seis anos depois, continuo morando no mesmo bairro, na mesma rua e no mesmo condomínio.
3 versões dessa música maravilhosa:
A original
Rodrigo Amarante no Sesc Pompéia em 2013, que ogrudou na minha cabeça e me fez optar por morar na Luz.
Versão da Anná, uma cantora paulistana sensacional que tive a honra de entrevistar há uns anos.