Cavando Ideias • Janela: vista da pandemia

Cavando Ideias • Janela: vista da pandemia

Bom dia. caros leitores! Tudo bem com vocês?

Para aqueles que têm lido minha coluna com frequência, já notaram que a tenho modificado a cada momento rs. Não sei se já achei o caminho desejado. Mas comecei com conversas e entrevistas com escritores, dei sequência a conversas e entrevistas com artistas. Aliás, fiz uma grande sequência disto. Conforme podem acompanhar no Instagram @silviaferlima e @demulheres e livros. Porém, como tenho neste percurso procurado meu caminho e nos últimos coloquei narrativas minhas, resolvi neste momento comentar sobre meu trabalho de gravadora, o que sempre procuro aperfeiçoar, e tenho aperfeiçoado. Ao mesmo tempo, meu principal objetivo é executar meu livro de artista.

As experiências de ilustrar livros que eu escrevi como O Livro da Hipnose: ou estados de consciência, de curtas narrativas e Diversão ao Pé da Letra: poesias, forma maravilhosas, porém ainda desejo fazer primeiro as imagens e só então navegar nas palavras. Sim, tenho necessidade de escrever sobre meu processo. Então, começo colocando minha matriz mais recente, desenhada e entalhada em madeira de topo, ou seja, cortada da árvore no sentido horizontal, ou muitas vezes, montada com colagens de pedaços de topo, como de fato é a origem desta madeira. Veja a fotografia a seguir:

Cavando Ideias • Janela: vista da pandemia
matriz perdida de 10x15cm de xilogravura de topo entalhe mais recente 26 ago de 2021

O trabalho executado nesta matriz, conforme eu mesma escrevo, foi matriz perdida, ou seja, não está mais como foi entalhada inicialmente, a qual comecei a imprimir na cor azul claro, preparada por mim com base transparente, embora eu tenha observado depois que não foi transparente o suficiente. Coloco o estado inicial da matriz na fotografia abaixo, que depois de lixar e nivelar, pinto com tinta acrílica branca para desenhar com grafite e só então começar o entalhe. Vejam a seguir:

matriz perdida de topo 10x15cm primeiros entalhes em 26 ago de 2021

 

prova de estado em azul claro com base transparente 10x15cm

 

Trata-se da vista da minha janela, que costuma ser muito bonita em manhãs ensolaradas ao nascer e ao pôr do sol. Pensei em começar na cor azul, porque, afinal, nos dizeres de Yuri Gagárin quando saiu da Terra pela primeira vez: “A Terra é azul!”

Sabemos que não é só azul devido ao brilho do sol, aos horários do dia, ao caminhar das nuvens e ao tempo meteorológico, local no espaço e estações do ano. Por isso mesmo, fui transformando minha vista, misturando as cores e ao mesmo tempo entalhando a matriz. Fiz uma etapa intermediário de entalhe, porém não cheguei a fotografar a matriz nesta etapa. Apenas guardei o registro da primeira e da mais recente. E segui brincando com a mistura de cores e a sobreposição das imagens. Meu registro foi feito a olho, logo, se um bom gravador observar, algumas imagens sobrepostas não foram exatamente sobrepostas. 

Entretanto, fui apreciando as misturas de cores e as sobreposições. A ponto de reconhecer que a gravura foi se aproximando cada vez mais a uma pintura e adquirindo uma certa tridimensionalidade, justamente pela sobreposição de outras formas da matriz e a manutenção do fundo.

Este desenho foi feito logo no início da pandemia. Mas eu o guardei sem saber como o executaria. Até que pude assistir a uma aula do Francisco Maringelli pelo Zoom através do Atelier PIratininga e observando o processo dele, tive uma ideia de como executar a minha vista, meu olhar da janela, a minha matriz. A qual certamente não ficou igual ao processo dele, porém esta troca de ideias me ajudou a partir para minha experiência, que adorei executar. Por isso, resolvi escrever sobre o processo. É interessante observar uma sequência de provas que fui tirando, a fim de que se perceba as cores que fui justapondo e os resultados.

 

prova em cor verde sobreposta à azul que soma novos traços à imagem inicial

 

prova em cor vermelha sobreposta à azul sobreposta à verde num tom mais claro, sobreposta à azul

 

prova somente em cor vermelha, em que pode-se observar o aumento de entalhes nas casas, no prédio, na vegetação e no céu

 

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nesta prova estão todas as cores: azul, verde, vermelho, preparados sobre uma base transparente e a cor azul, assim para o verde somou-se o amarelo e o vermelho é na verdade um tipo de marrom ou roxo

 

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esta prova está com o tom verde e o tom roxo que foi ficando a cada vez mais avermelhado

 

Adorei a experiência e fiz umas trinta provas, entretanto, cada uma é única, porque fui experimentando misturar as cores e ao mesmo tempo fui transformando a matriz, que se modificou durante o processo. Tive vontade de escrever sobre isso, e partilhar um pouco do meu aprendizado, de cada etapa da minha produção e de como eu realmente tenho procurado aperfeiçoar meu trabalho. 

Agora, como vejo um processo e uma narrativa nesta produção de imagens, talvez a próxima etapa seja fazer um livro de artista. O que também tem tomado bastante do meu tempo nos últimos meses.

Meu principal objetivo é sempre procurar a melhor vista da janela e o melhor aprendizado desta pandemia. Vale como estímulo para cada um fazer o mesmo, de acordo com o que gosta e valoriza.

Boa leitura!

Sobre Francisco Maringelli: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa207405/francisco-maringelli

Sobre o Atelier Piratininga:

https://atelierpiratininga.

Cavando Ideias • Janela: vista da pandemia Texto e imagens de Silvia Ferreira Lima.


Expedição CoMMúsica

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