Exclusiva com a Corporate Death

Exclusiva com a Corporate Death

Corporate Death concedeu uma entrevista exclusiva à Expedição CoMMúsica

Entrevista por Dhiego Rodrigues, LBN Assessoria

A Corporate Death é uma banda de Death Metal de Jundiaí, São Paulo, formada em 2001 por Flávio Ribeiro (Vizaresh) e Damien Mendonça. Até 2005, a banda passou por diversas inconsistências na formação e se consolidou com a entrada de Paulo Pinheiro (Riffcoven, Jupterian) na bateria, que permaneceu até 2009.


 

Nesse meio tempo, a banda lançou a demo Ways to the Madness e o seu debut Terminate Existence, ambos tiveram boa repercussão nas revistas especializadas e abrindo porta para diversas apresentações. Com a saída de Paulo, Rafael Cau (Carnicero) deixa o baixo, posição que já ocupava desde 2008, e assume as baquetas.

Em pouco tempo, as composições para o álbum Angels & Worms são finalizadas e álbum é lançado em 2013, e relançado pela Murdher Records da Itália em 2014. Também em 2014, Flávio deixa a banda e Aline Lodi (Exhortation) assume os vocais, resultando no álbum Reborn, lançado em 2017, pela Cianeto, Brutaller Records e Misanthropic Records, e relançando em 2018 através da Extreme Zone Records do Uruguai.

Aline permanece na banda até 2019, e com sua saída, Laudmar Bueno (War Eternal) se junta à banda. Nesse período, inicia-se a composição do quarto álbum.

Em 2020, em comemoração aos 15 anos da demo Ways to the Madness, Flávio é convidado para gravar a música Over the Trenches que foi lançada digitalmente.

Em fevereiro 2021, Laudmar se desliga da banda por motivos profissionais, e Flávio é convidado a retornar à banda e gravar o quarto álbum, Homines in Formas Bestiales.

Exclusiva com a Corporate Death

Em 2022, o Corporate Death completará 21 anos de carreira. Conte-nos como é lutar por duas décadas no underground e o que mudou de lá pra cá na cena para a banda?

Nossa vivência no underground sempre foi de altos e baixos. Começamos em uma época que era normal tocar em shows com muitas pessoas, em contrapartida, os organizadores não pagavam nem a ajuda de custo. Depois de um tempo, o público foi diminuindo, e ficamos mais seletivos com as ofertas de shows. Temos gastos consideráveis para lançar um disco e manter a banda em geral. Felizmente, há alguns selos que estão sempre apoiando bandas underground com seus lançamentos, como a Misanthropic Records, Cianeto, Brutaller Records, Extreme Sounds, Rapture Records e etc. Somos muito gratos a esse pessoal e aos organizadores de eventos que lutam para manter a chama acesa. Nesses 21 anos, fizemos muitos amigos, sejam eles de bandas, selos e organizadores.

 

Qual o processo de composição da banda? Existe alguém especificamente responsável pelas letras e/ou pelos arranjos ou cada um contribui livremente?

Na parte musical, eu (Damien Mendonça) e Rafael Cau nos encarregamos das composições, mas os arranjos e letras sempre foram feitas por todos. Todos os integrantes participam. Quando um não gosta de uma ideia, logo abandonamos.

 

Como tem sido a repercussão do álbum “Homines In Bestiales Formas” tanto por parte da crítica quanto por parte do público?

Tem sido excelente. Talvez a melhor entre todos os discos.

 

Quais as principais diferenças de “Homines In Bestiales Formas” para os álbuns anteriores?

O rumo das músicas acabou sendo diferente de forma natural. Nesse disco, incorporamos mais elementos sombrios, também tivemos mais influências de Black Metal e Death Metal tradicional. Esse também é um álbum conceitual, que acabou sendo mais difícil de fazer. As letras seguem uma cronologia e nos organizamos para tudo se encaixar.

 

O Corporate Death é uma das principais bandas do cenário Death Metal de São Paulo e, por que não, do Brasil. Como vocês veem o atual momento do gênero no país?

O movimento Death Metal no Brasil é muito forte. Temos o Infamous Glory, Desdominus, Madness, Queiron, Expurgo que são bandas excelentes e já com um bom tempo de estrada. Essas bandas se superam a cada álbum. Eu vejo que o Brasil tem inúmeras potências no estilo, pena que o reconhecimento de fato é quase nulo. Vejo que essas bandas deveriam ser headline nos principais festivais, mas não é isso que acontece.

 

Qual tem sido a relação da banda com os fãs, de maneira geral? Existe alguma dificuldade de divulgação hoje em dia, ou as novas tecnologias e redes sociais facilitam a divulgação do trabalho do artista e o contato direto com os fãs?

O Corporate Death interage melhor, em termos de divulgação e venda de materiais, com shows. Trabalhamos com redes sociais, mas o que nos ajuda muito hoje é assessoria de imprensa. As pessoas hoje são totalmente dependentes da internet e redes sociais, infelizmente quem não usa perde espaço.

 

Falem um pouco sobre a parceria com a Rapture Records, Extreme Sound Records, Misanthropic Records, Cianeto Disco e a importância dos selos no Brasil.

Esses caras fazem um trabalho impressionante, são eles que mantêm a mídia física e bandas como o Corporate Death vivos. O público underground é bem fiel ao material físico, sempre vendemos bem camisetas e cds nos nossos shows. Sem esses selos, nós não lançaríamos esse disco de forma física. Considero que eles sejam os maiores selos do Brasil voltados à música extrema.

 

Quais as principais influências da banda? Existem alguns nomes que indicaria como principais referências para a sonoridade que vocês praticam?

Nossas principais influências são Malevolent Creation, Marduk, Rebaelliun, Behemoth, Deicide, Cannibal Corpse, são bandas que nós escutamos desde moleque. É difícil citar, pois tudo acaba nos influenciando de uma forma ou de outra.

 

Com a experiência no underground, quais são as lições aprendidas?

Ter uma banda por muito tempo é muito difícil, é por isso que muita gente desiste. Mas fizemos grandes amigos nesses 21 anos, e no final, o que vale é amizade. É claro que tem muito pilantra por aí, que não se compromete nem com a ajuda de custo para as bandas, paga bandas internacionais e na hora de chamar uma banda da região para abrir não paga nem o deslocamento. Esse tipo de gente eu espero que quebre a cara. As pessoas precisam dar mais valor para as bandas. Gastamos muito tempo, dinheiro e energia nisso porque gostamos. Comprem material, não fiquem pedindo de graça, aos organizadores que paguem pelo menos o mínimo às bandas, não façam propostas absurdas.

 

Para finalizar, agradeço a oportunidade da entrevista, e fique à vontade para pontuar algo que queira mencionar fora das perguntas acima

Muito obrigado ao Elizabeth Del Nuca e equipe Expedição Commúsica pelo espaço. É com a ajuda de todos que o metal segue. Muito obrigado às bandas, selos, organizadores, fãs, zines, canais de Youtube, e a todos aqueles que se comprometem, de uma forma ou de outra, com o metal extremo!!

 

Entrevista por Dhiego Rodrigues, LBN Assessoria. A Expedição CoMMúsica agradece a participação e apoio ao projeto.

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