O Hype Desapercebido do Metal
De tempos em tempos, estilos beliscam o topo da superfície em busca de notoriedade e reconhecimento. Foi assim nos anos 80 quando o Heavy Metal explodiu através do surgimento da NWOBHM ou : New Wave of British Heavy Metal. Poderia apontar aqui um sem números de álbuns que se tornaram clássicos e audição obrigatória pra amantes do estilo. Por falar em estilo, o fenômeno deu lugar para o Thrash da Bay Area, o surgimento do Death Metal entre outros nichos.
A coluna semanal Vivendo de Música é de autoria de Luis Maldonalle.
O texto de hoje é para comentar a possibilidade de um “Hype do metal” quase desapercebido que está ribombando em vários cantos do globo.
Se você quer ser chic e gosta apenas da escala menor melódica ( e não de música). Prevejo o nariz torcido. Afinal, há muito o jazz não cutuca a superfície.
Mas vamos ao que interessa… metal.
A primeira coisa a me chamar a atenção foi o número de guitarras fender vendidas durante a pandemia no Estados Unidos. 16 milhões. Isso mesmo. De lá pra cá, eu tenho visto ações e sinais que apontam para esse suposto Hype. O que não quer dizer que teremos outra façanha como nos anos 1980.
Agora, vamos a dois fatos recentes digno de atenção, e claramente tratados como fatos isolados dentro da mídia.
O primeiro foi o prêmio como melhor performance Heavy metal do Dream Theater no Grammy. Óbvio que meu ponto é pessoal, e acho que a premiação veio para corroborar com o conjunto da obra. John Petrucci e banda reencontrou o caminho das composições do DT voltados ao seu público fiel. Acredito que a banda tem canções mais icônicas como a vencedora The Alien, mas aqui, penso eu que o prêmio consta como um resgate. E muito merecido. E o que deixa o mercado aquecido com relação a nichos mais esquecidos e até mais focados em técnica. Uma imensa vitória do prog metal que tem 1.445.590 ouvintes mensais no Spotify.
O segundo, foi a película Metal Lords, exibida na Netflix e que conta com um enredo e trilha sonora cuidada a dedo para iniciados e todo e qualquer banger que usou patch costa, calça rasgada ou teve sua banda de metal há trinta e poucos anos atrás. O fato é que o investimento de milhões em um filme de streaming mesmo que abordando clichês do gênero, mas acentuando a magia da música aqui representada pelo metal, nos diz muito do momento. Claro, isso não é a primeira vez. Mas é um indício. Assim como outros filmes; Lord of Chaos e Metalhead o fomento à cena metal pode ser um divisor de águas pra uma geração. E servir de alavanca para o novo.
Outro fato interessante, é que com a normalização do cenário pós pandemia, boa parte das tours estão de volta. Aqui quero salientar a exposição de alguns grupos extremamente nichados como Mayhem, Belphegor, Behemoth, Arch Enemy, Napalm Death, lamb of God a maioria com um número expressivo de datas entre dezoito e quarenta shows na Europa, Estados Unidos e América do Sul. Alguns eventos com participação de bandas clássicas do thrash como Exodus e Testament com Sold Out nos ingressos. Isso sem mencionar o Rock in Rio que acontece em setembro e que além de aquecer o mercado, ainda desdobra em eventos paralelos e a presença de bandas como Iron Maiden e Guns and Roses com datas confirmadas no país.
Recentemente os pioneiros do Thrash alemão Destruction com uma imensa carreira nas costas ( 40 anos) entraram pela primeira vez no top 12 da billboard Alemã com o disco novo “Diabolical”.
Dimmu Borgir( black metal sinfônico) da Noruega por sua vez emplacou mais de 400 mil discos nos Estados Unidos, uma façanha e tanta pra um grupo altamente nichado, o que denota não só a importância do estilo como a alta demanda e necessidade em regiões diametralmente oposta a origem da banda.
Praticamente todas as bandas tem investido em souvenires clássicos como vinil e Fita K7. Além de reedições remasterizadas e com bônus para os fãs. Outro detalhe é que o CD está em alta novamente.
Nada disso aconteceria sem a aceitação do mercado.
Claro que há outros casos e exemplos. Acreditem, bandas estão pipocando em cada biboca que se tem notícia. E a coisa tem evoluído de forma acentuada em todos os cantos.
O que penso de tudo isso é que como artistas podemos tirar algum proveito, investindo mais e mais em ações e possibilidades afim de que a música possa ter o seu alcance, registro e reconhecimento cada vez mais forte e o mais longe possível.
Keep on metal!!!
L.M.
A coluna semanal Vivendo de Música é de autoria de Luis Maldonalle.