Há um incontável número de casos dentro do universo musical sobre pressão, o inferno pessoal do artista e o declínio de estilos e guetos musicais. A ideia me ronda a cabeça há algum tempo. Mas acontecimentos recentes deram não só uma reforçada como um novo ângulo e consequentemente; seus insights.
A primeira foi a morte de Trevor Strnad. O vocalista do Black Dhalia Murder (Death Metal) que tinha apenas 41 anos, e há pouco havia reclamado da questão estética, a cobrança, sobretudo por ele ser de um nicho em que a música deveria ser o carro chefe, não a aparência.
A segunda foi o desabafo de James Hetfield ( papa Het) no show do Metallica no mineirão, em Belo Horizonte. James praticamente abriu o jogo e disse estar se sentindo velho e criando uma série de inseguranças no processo artístico, botando em cheque a longevidade como frontman da banda.
O fato é, desde sempre o rock e seu modelo de business insere uma série de objetivos e situações, vampirizando o artista ao máximo. Hoje, o modelo mudou. Mas a cobrança continua e vem de lugares diferentes. E o peso e a pressão pela manutenção do sucesso fazem parte até mesmo de nichos menores. Um sem número de bandas atravessa o processo com baixas, aprendizados e enormes cicatrizes.
Outro clichê curioso e que afeta artistas estabelecidos é a luta pela autonomia durante contratos leoninos. Algum artistas sempre optaram por direcionar a novas sonoridades, já pensando como um processo de disruptura em suas carreiras. Queen e Beatles são alguns exemplos. Outros, não têm tanta liberdade e acabam presos na própria carreira e sucesso. A insatisfação é a porta de entrada e a garantia de comportamentos mais abusivos com drogas/álcool e solidão. E, não raro, o artista acaba destruindo a própria imagem.
Se o excesso era chamariz e até artifício pra vender uma imagem tempos atrás, hoje, o cenário é o oposto. E o mainstream não ensina a transição, ou tampouco é um afago ao artista que envelhece. Suicídios e perdas irreparáveis fizeram e continuam a fazer parte da história da música, assim como suas perdas precoces.
A obra eterniza, mas a dor, nem sempre passageira, é para muitos um bilhete apenas de ida, e um convite à escuridão. Triste, mas verdadeiro.
Abs.
L.M