Semearte • Mulher nasceu para ser livre

Semearte • Mulher nasceu para ser livre

Semearte • Mulher nasceu para ser livre é artigo de Érika Ramos em sua coluna semanal na Expedição CoMMúsica.

Mulher ao ar livre, com braços abertos
Mulher ao ar livre, com braços abertos

 

Na última semana eu estive no clube cheiro de livro e o tema foi saúde mental, justamente porque estamos no setembro amarelo.

A mediadora Frini trouxe vários livros importantes sobre problemas reais, que ajudam a gente enquanto sociedade a enxergar que saúde mental não é frescura.

As gerações anteriores a minha, em regra, tinham menos costume de procurar ajuda psicológica pros seus problemas. Quem o fazia era maluco ou problemático.

O preconceito está sendo quebrado aos poucos e muitas vidas são salvas por terem ajuda adequada nos seus problemas.

Durante o evento, surgiram alguns depoimentos sobre a pressão que se faz sobre a mulher ter que ser mãe.

E houve diversos tipos de depoimentos sobre a situação, desde quem não quer ser mãe até quem tem um filho e não quer botar outro no mundo.

Opiniões diversas, mas que de mulheres que respeitam uma a outra.

Então, tudo isso me fez pensar que, enquanto mulheres, nós temos sempre alguém do lado de fora, que mal conhece algo da nossa vida, mas faz parte da sociedade tentando nos dizer como viver.

Se você não quer ser mãe, te julgam.
Se você é mãe cedo, te julgam.
Se você é mãe solo, te julgam.
Se você perdeu um filho, te julgam.

Me parece que o erro dessa equação está no ser mulher, pois se você é homem e passa pelas mesmas situações, a sociedade não te julga.

Muitos homens, inclusive, põem filhos no mundo, não criam ou são pais de fim de semana e não são questionados a cada cinco minutos onde tá o filho quando estão no lazer.

E pensando nessa relação injusta sobre o corpo da mulher, a pressão social que vivemos em uma sociedade machista e patriarcal fiz uma lista de 5 livros essenciais para mulheres.



1- Corajosa sim, perfeita não.

Esse livro eu conheci graças ao clube do livro e já li algumas vezes.

Tenho um carinho imenso pela trajetória da Reshma, e pelo que ela compartilha sobre erros, pressão e pelo projeto que ela criou de inclusão feminina na tecnologia.

Nós, enquanto mulheres, somos capazes de ocupar qualquer lugar, mas muitas das vezes somos impedidas por barreiras sociais. Vale citar que ainda hoje há profissões extremamente masculinas e que ainda somos cobradas, por nós e pelos outros, para fazer tudo com perfeição.

O que nos leva ao Girls can code, criado pela autora para empoderamento feminino através da programação.

Através da história de mulheres que passaram, vemos pelo projeto que:

A- Temos mais vergonha de fazer algo errado, do que não fazer. Logo, preferimos dizer que não conseguimos quando o desafio parece muito grande.

B- Temos medo de nos posicionar em posições de liderança, porque ser assertiva é muitas vezes visto como soberba ou grosseria.

C- Somos cobradas para dar conta de tudo, isso inclui desde a casa e a família, até o trabalho dos sonhos. É como se tivéssemos que ser a mulher maravilha em tempo integral.

O que nos leva a um ponto central no segundo livro da lista: a imperfeição.



2- A coragem de ser imperfeito

Esse foi o livro que me apresentou a escrita da Brene Brown e quebrou com as minhas muralhas.

Eu sempre fui muito de guardar minhas dores, de não querer incomodar o outro e tinha pavor de ser vulnerável, ainda que não conhecesse o real significado dessa palavra.

Com essa obra, eu entendi que o medo faz parte da vida e que temos de aprender a lidar com ele.

Entretanto, muitas vezes nos paralisamos diante de uma insegurança e travamos nossa vida por conta disso.

Já li em algumas notícias que se homens preenchem 50/60% das exigências pra um cargo, eles se sentem aptos a mandar o currículo.

Em contrapartida, mulheres se sentem incapazes se não preenchem 100% das exigências de um cargo e nem enviam seus currículos nesse caso.

Ou seja, enquanto os homens têm um incentivo para ousar e se jogar na vida, a mensagem que recebemos é de cuidado.

O que nos leva a sempre temer dar um passo ao desconhecido, muitas vezes paralisando nossa vida.

Ser vulnerável é quebrar com essas barreiras que são colocadas a nossa frente por uma sociedade que ainda silencia mulheres.

Ser vulnerável é permitir-se sair da zona de conforto.

Ser vulnerável é permitir-se ser você mesma.

Ser vulnerável nos leva a amar a nós mesmas com todas nossas imperfeições. E isso nos leva ao próximo livro.



3- Desafio do amor próprio

Você já parou para pensar o quanto as mulheres são incentivadas a abdicar de si mesmas e amar o outro?

Esse livro me levou a essa reflexão, pois muitas vezes já me vi em situações de anular minha opinião ou vontade para agradar ao outro.

Durante muito tempo, não soube o que era me amar, e media meu valor pela régua dos outros.

Isso ainda na adolescência, em que não existia instagram e as trocas de mensagem em sala de aula eram por bilhetes. Depois substituídos pelos torpedos.

A questão principal aqui é que somos educadas para agradar e nos esquecemos que a nossa vida nos pertence.

Por isso, esse livro é de fundamental importância para você resgatar seus próprios gostos, preferências e, principalmente, voltar a ter um relacionamento saudável consigo mesmo.

E continuando no assunto, temos o livro Pare de se Odiar.



4- Pare de se odiar

Confesso que quando vi esse livro pela primeira vez, achei que não era para mim.

Não me enxergava como fora do padrão de corpo social e pensei que não pertencia a essa narrativa.

Como fui preconceituosa. Sim, estou aqui no meu exercício de prática da vulnerabilidade e honestidade.

Esse livro é um dos melhores que já li em minha vida toda. Parece que a Xanda é minha melhor amiga e está fazendo um desabafo comigo.

Vale lembrar que ele não é um manual, mas um manifesto de auto aceitação.

Desde muito cedo, somos incentivadas a ser magras, e que se sairmos do padrão, ninguém vai nos amar. E isso é extremamente cruel para qualquer garota.

Vivemos desde a mais tenra infância em guerra com a balança, em guerra com outras meninas para ver quem tem o arco mais bonito e em negação de si mesma.

Pare de se odiar me fez ver que estamos doentes na nossa criação, que a vida é muito mais do que se encaixar dentro das caixas sociais.

Precisamos resgatar a nossa história, resgatar quem somos e ver que não precisamos odiar nossos corpos. Eles foram feitos para ser livres e não apenas escravos de dietas da moda ou de auto-destuição.



5- Conta comigo- Três vezes mulher

Para finalizar a lista, eu trago um livro de ficção que trata com profundidade dramas femininos.

Conta comigo – Três vezes mulher é um livro de contos que apresenta mulheres de uma forma sensível e delicada.

No primeiro conto, temos a questão da liberdade feminina; no segundo, temos uma mulher alienígena e o terceiro envolve um segredo que não posso contar, porque perde todo o mistério da história.

Através dessas narrativas a gente mergulha em histórias que se aproximam da realidade e nos fazem questionar muito dos padrões sociais, do relacionamento tóxico e do não pertencimento das mulheres.

O segundo conto mergulha profundamente na questão do pertencimento . Muitas das vezes, enquanto mulheres, não achamos que somos capazes de tomar o nosso lugar de fala na sociedade.

E isso foi visto no primeiro livro abordado nessa lista, e é um tema que perpassa a vida da mulher não só na literatura, mas que é uma questão que precisa estar em pauta.

E foi o que me levou a escrever a coluna de hoje. Dentro do meu papel feminino e com desejos próprios, eu entendi que meu papel enquanto escritora era tratar desse tema.

A mulher alienígena do livro se parece em muitos aspectos comigo, e confesso que quando li a primeira vez tive uma vontade imensa de abraçar a personagem.

A coragem dessa protagonista é gigante e me faz lembrar que toda mulher é corajosa, mas como já disse anteriormente essa coragem muitas vezes não é incentivada.

Somos educadas para seguir o caminho seguro, para não subir no topo dos brinquedos porque podemos cair e nos machucar, nossos brinquedos são delicados e por aí vai.

E nesse embalo de coragem, eu escrevo que ser mulher não é se submeter à vontade social. É aprender a se amar em primeiro lugar, se permitir ser vulnerável e dizer eu não sei, e também largar de mão a obsessão da perfeição.

A sociedade vai sempre achar um jeito de pressionar a mulher, mas nessa jornada, já vimos aqui 5 escritoras corajosas e algumas leitoras que compartilhando a sua história no clube do livro fazem também parte desse artigo.

E, com isso, eu mostro a você mulher que o caminho é muito mais de união do que segregação, como me foi ensinado. Eles nos querem separadas porque juntas nosso poder é muito grande. Juntas somos fortes; sozinhas, estamos expostas.

Se você se identificou com esse texto, compartilhe com outras mulheres. Há coisas que precisam ser ditas e já passou da hora de nos posicionarmos diante da vida.

Lugar de mulher é onde ela quiser.

 

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