Cavando Ideias: Restaurando Vidas

Cavando Ideias: Restaurando Vidas

Cavando Ideias: Restaurando Vidas é artigo de Silvia Ferreira Lima em sua coluna semanal na Expedição CoMMúsica

 

 

São Paulo, 13 de fevereiro de 2023 – Olá, para os amigos e parceiros de expedição! Retorno depois de um mês e algumas semanas de afastamento, uma vez que a expedição se reorganizava, assim como eu aqui em casa.

Cito, no título, o nome do podcast de um amigo: Natalício Araújo, meu leitor do sertão de Pernambuco, que conheci via Facebook e Whatsapp. Isso porque ele se interessou em comprar meu livro de poemas ‘Diversão ao Pé da Letra‘. Enviei três exemplares do livro para ele , que adora poemas e adorou a maneira como eu brinco com as rimas e as palavras, daí o título do livro. Além do fato de eu adorar escrever sobre temas leves e infantis, alegres e otimistas, em sua maioria. Bem, eu sou mesmo muito otimista.

Natalício Araújo tem um podcast, grava e envia mensagens muito bonitas, todos os dias pelo meu Whatsapp. A tecnologia realmente aproxima pessoas com os mesmos gostos, não importa em que lugar do planeta elas vivam.

Utilizo este título porque principalmente do final do ano passado para cá, eu me senti Restaurando Minha Vida. Eis uma das coisas mais incríveis que me aconteceu: reorganizei meu espaço de trabalho em casa, fiz um grande investimento em material de trabalho de arte, já que comprei uma prensa de excelente qualidade para fazer as minhas impressões e concretizar meus projetos artísticos e gráficos, os quais eu já planejo desde o ano passado.

Logo, comecei a investir em tudo o que gosto e acredito. Começo a rir, porque minha lista de afetos é grande, muitas vezes, nem tenho tempo para tudo. Mas dentro desta lista faz parte o meu trabalho para conseguir dinheiro e investir nos meus sonhos. Bom, sem que eu percebesse, fui investindo. Isso faz parte de uma das minhas surpresas veiculadas no Instagram. Agora eu dou uma risada de suspense e ironia. Mas plenamente consciente e feliz do que vou anunciar.

O ano anterior foi tomado por muitas chuvas, constantes. De modo que as feiras de rua nas quais eu participaria, acabaram não ocorrendo e não consegui vender ou divulgar meu trabalho artístico. Para quem não sabe, faço gravuras, xilogravuras (em madeira) e calcogravuras (em metal). Estou com um projeto de fazer um livro de artista, com poemas que eu escrevi, como: Urano e Gaia. São os dois primeiros de um projeto que chamo de “Livro das Estrelas”. Este livro não está pronto, mas quero muito produzir um livro com minhas gravuras, escrever, ilustrar e encadernar.

Bom, desde a pandemia fiz vários cursos de encadernação e participei de vários grupos de livros de artista. O que me preparou para tocar o meu projeto. E desde então, também crio livros ou cadernos de tamanho 15x20cm; 7x10cm e fichários universitários.

Tenho vendido bastante estes livros. Vendo, recebo encomendas de encadernações e até recentemente recebi um pedido de oficinas de encadernação. Gente, sou professora há 40 anos, verdade, dou aulas desde 1982, quando tinha 18 anos. E, desde 2015, fiz doutorado em artes visuais, estudei bastante teoria, o que eu sempre gostei; porém também fui tomada pelo trabalho manual. O que, de certo modo, está nos meus genes: o pai da minha mãe era mecânico, seu avô era ourives, minha mãe faz tricô, bordado e tapeçaria. Bom, já fez mais, uma vez que já não enxerga tão bem.

Encontrei este gene nas mãos, esta habilidade, e fui desenvolvendo uma capacidade visual e crítica, do olhar artístico. A sereia da arte cantou para mim. Eu mergulhei e descobri ser uma sereia também. Estou super feliz e animada desde então.

Adoro escrever, porque adoro ler, meu pai, na minha infância tinha uma enorme biblioteca na sala, cujos livros eu pegava para ler. Comecei com livros de contos, como: Jóias das Mil e Uma Noites. Adorava mitologia greco-romana, porque sempre adorei as histórias de heróis e seus feitos grandiosos.

O impressionante é que descobri o quanto somos heróis, porque viver a vida com seus desafios, vencê-los ou descobrir como aprender com eles, eis o que nos torna heróis poderosos. Desde que não há nada mais difícil do que viver bem e feliz um dia depois do outro.

Descobri-me uma pessoa alegre e otimista, cheia de sonhos e crenças, lutadora e concretizadora de tudo o que acredita. Então, vejo-me grandiosa como os heróis, construindo uma vida melhor e deixando aos meus alunos, a minha filha, a todos os que se aproximam de mim, o exemplo de que a vida é uma grande aventura.

Acho que eu já vivia no mundo da arte, ou seja, da transformação dos elementos simples do dia a dia, na presença do belo e do sensível. Adoro os dizeres de uma camiseta que meu marido usa: A Arte é Necessária porque a Vida só Não Basta.

Retomando: adoro entalhar, adoro sentir o calor da madeira e da sua constante presença de vida, mesmo que não esteja mais plantada. E adoro riscar e entalhar o metal, ele brilha, reluz, mostra-nos raios e caminhos incríveis que não tínhamos visto até o momento recente.

Por fim, adoro misturar tintas e mexer com as cores. Preparar uma cor especial, diferenciada para imprimir um desenho que fiz na madeira ou no metal. Para concluir: adoro imprimir, escrever e transformar os desenhos gravados e impressos nas folhas, num conjunto, num caderno, num livro. Amo fazer o processo todo.

Então, quando vou a uma feira, muitas vezes, converso com as pessoas, troco experiências, sei do que elas gostam, do que procuram e o que querem. Com algumas, tenho longas conversas. Falo sobre o meu trabalho, explico como uma peça ou outra foi feita. Acabo ensinando a ver os objetos de arte. O que já aconteceu e acontece toda vez que um jovem ou adolescente se aproxima e pergunta sobre o meu trabalho.

Retomando, escrevi Restaurando Vidas, porque foi assim que eu me senti, e continuo sentindo, restaurando minha vida. Vivendo de forma nova e diferente, cheia de alegria e amor. Vendo e criando coisas belas e criativas, já com planos para as últimas décadas de vida kkkkk. Sim, já programei até isso. E sugiro que todos o façam, sempre acreditando que podem e conseguem.

Excelente semana para todos e vamos em frente, restaurando nossas vidas e vontade de viver. A fotografia é da prensa 0,70×1,20 m que usarei para fazer meu projeto, o qual já inscrevi até no Proac e não tinha conseguido investimento. Bom, investi os próximos oito anos de trabalho. E muito feliz com isso.

Até o momento só produzi o Urano. Tenho um Urano e Gaia feito à mão, que pretendo enviar para outro colega escritor, baiano, que, quando eu coloquei meu projeto no Catarse, foi quem mais investiu. Notem que nem o Catarse me deu todo o dinheiro, mas eu usei o dinheiro do meu trabalho mesmo.

 

 

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