Cantora lírica Maria d’Apparecida é homenageada em Paris

Cantora lírica Maria d’Apparecida é homenageada em Paris

Cantora lírica brasileira Maria d’Apparecida é homenageada em Paris nesta terça-feira (17)

 

São Paulo, 17 de janeiro de 2024 – No dia que completaria 98 anos (17/01), a cantora de ópera brasileira Maria d’Apparecida, recebe a homenagem na Maison de L’Amérique Latine, em Paris, cidade onde a artista se consagrou no cenário musical. Maria D’Apparecida foi a primeira mulher negra latino-americana a cantar na Ópera de Paris e faleceu em 2017, sem deixar herdeiros. Durante a homenagem, será feita a leitura do roteiro inédito da cinebiografia da cantora, que teve como base o biografia “Maria D’Apparecida: Negroluminosa Voz”, de Mazé Torquato Chotil. 

A adaptação da obra tem o roteiro assinado por Liliane Mutti, diretora experimentada em biografias musicais, entre elas: “Miúcha, a voz da Bossa Nova”. “A relação entre música e cinema é indissociável. Mas especialmente para nós, brasileiras, esse encontro é muito potente, pois a nossa música é a primeira lembrança quando o assunto é o Brasil. E a Maria fez da sua voz uma ponte de união entre os seus dois paises”, aponta a cineasta.   

Na leitura do roteiro, Maria D’Apparecida é interpretada pela atriz e cantora lírica Luanda Siqueira, Labisse ganha voz pelo ator francês Patrick Nogues e a esposa de Labisse é interpretada pela célebre atriz Cécile Moreal. Juntos, eles compõem o triângulo amoroso que atravessa o roteiro do filme, costurado por personagens como Di Cavalcanti, Frederico Fellini e Mather Luther King, que possivelmente cruzaram a vida cantora. O elenco franco-brasileiro conta ainda com atores como Christopher Ecobichon e Alan Castelo.

Quem foi Maria D’Apparecida?

Filha de uma empregada doméstica, de pai desconhecido, Maria D’Apparecida cresceu no seio de uma família de classe média alta no Rio de Janeiro, onde aprendeu o francês e piano, o que mudaria a sua vida. Maria d’Apparecida foi também a musa do surrealista Félix Labisse, com quem manteve um longo relacionamento amoroso, com um detalhe: ele se tornaria mesmo famoso a partir dos retratos de Maria pintada em azul. 

Sobre Maria d’Apparecida, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Tua voz, D’Apparecida, é aparição/ Fulgurante, sensitiva, dramática/ e vem do fundo negroluminoso de nossos corações”. A voz de Maria d’Apparecida arrebatou os palcos mais disputados da música lírica europeia, interpretando a cigana Carmen, da obra de George Bizet, antes de alcançar os palcos do Rio de Janeiro. 

Suas conquistas se deram superando as injustiças sociais e o racismo estrutural. Ela foi perseguida ao ser convidada para cantar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo voltando para França onde viveu até o fim da vida. No fim da carreira, impedida de cantar ópera, se tornaria ainda a voz do violão de Baden Powell, também personagem da cinebiografia à caminho. O longa-metragem de ficção tem previsão de chegar às telas em 2026, ano das comemorações do centenário da cantora.

Maria D’Apparecida, em Chante Baden Powel:

 

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