Annie Ernaux Leva o Nobel de Literatura
Annie Ernaux Leva o Nobel de Literatura é artigo de Michele Machado Fernandes em sua coluna semanal, Conta Comigo!, na Expedição CoMMúsica.
Acaba de sair uma notícia valiosa para quem torce pela literatura produzida por mulheres: a Real Academia Sueca laureou a escritora Annie Ernaux com o Prêmio Nobel de Literatura 2022.
Como sempre falamos por aqui, as premiações trazem reconhecimento às autoras e, além disso, reforçam o fato de que sabemos produzir literatura de qualidade e há espaço para ela. Portanto, cada vez que uma mulher é destacada, todas nós somos, de alguma forma, prestigiadas.
Conheça mais a autora
Annie Ernaux, nascida em 1940, é francesa e atua como professora de literatura e escritora. Lançou seu primeiro livro, o romance autobiográfico Les Armoires Vides, em 1974, livro nunca publicado no Brasil. Sua obra já foi premiada diversas vezes. Em 1984, por exemplo, ganhou o Prêmio Renaudot por La Place, outra de suas obras autobiográficas, e, em 2008, quando ela recebeu o Prix de la langue française pelo conjunto de sua obra.
A escritora estará presente no Brasil, durante a Feira Literária Internacional de Paraty, Flip, participando da mesa Diamanto Rubro, no dia 26 de novembro.
Sobre sua obra
A obra de Annie Ernaux é marcada pelo caráter autobiográfico, revelando traços íntimos da vida de uma mulher, que se desenvolve em paralelo às mudanças trazidas à sociedade francesa no período pós-guerra.
Um de seus livros, O Acontecimento, lançado em 2000, relata um aborto clandestino que fez nos anos de 1960, um tema polêmico até mesmo nos dias de hoje.
A justificativa para a concessão do prêmio foi pautada no fato de a obra da autora apresentar “coragem e acuidade clínica com que descortina as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal”, segundo a Academia.
O Prêmio Nobel
A grande visibilidade oferecida pela premiação torna, sem dúvida, um importante reconhecimento para qualquer escritor citado. No entanto, com mais de cem anos de existência, muitas críticas recaem sobre as escolhas feitas pela Academia.
A premiação teve início no ano de 1901, após o químico sueco Alfred Bernhard Nobel (1833-1896) ter deixado em testamento o pedido de que os rendimentos de sua fortuna, gerada pela comercialização da dinamite, invenção do próprio cientista, fossem divididos entre aqueles que conferissem melhor benefício à humanidade. A partir dessa solicitação, anualmente, comissões de intelectuais reúnem-se para eleger os vencedores do prêmio nas categorias Literatura, Paz, Física, Química e Medicina e Fisiologia. Mais um prêmio, o de Economia, foi instituído em 1969, por decisão da Fundação Nobel.
Eurocentrista, machista e racista são algumas das expressões normalmente atribuídas a essa premiação. Os dados explicam as acusações. Desde seu início, o Prêmio Nobel laureou apenas sessenta mulheres entre todas as suas categorias, sendo dezessete na de Literatura, já considerando a mais nova vencedora.
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Que maravilha de texto. Excelente conteúdo dessa coluna.